BLOG DO PROFº ROBERTO CATARINO
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
CULTURA CLERICAL E TRADIÇÕES FOCLORICAS NA COLONIZAÇÃO MEROVINGIA.
Neste texto o autor, relata a passagem da “Antiguidade” para a Idade Média, através dos níveis culturais lingüísticos, sociais e intelectuais, de seus grupos e o papel do clero nessa transição.
Entretanto, com a emergência da massa camponesa, havia a necessidade de um igualitarismo ou pelo menos uma similitude do idioma falado, pois se o clero falava o latim, esse idioma deveria ser a forma de entendimento entre a massa camponesa e a aristocracia, pois os camponeses ainda conservavam as suas línguas tradicionais, e como a massa camponesa junto ao clero, agiam sobre as relações sociais e culturais da idade média.
Outro fator que o autor descreve e a transformação social da aristocracia junto com a massa camponesa que cumina na implantação do cristianismo distorcida e sensível ao domínio da cultura entre um clero colonizado por aristocratas greco-romanos, diante de uma massa inculta e uma elite cultivada.
A igreja monopoliza a cultura intelectual e exerce um papel importante em relação à atitude de adaptar a cultura profana pagã, se utilizando de argumentos intelectuais do século III ao século V, onde os chefes eclesiásticos, na grandes maioria pertencente à aristocracia indígena-romana, onde os bispos e adotados de origem bárbara adaptam este tipo de cultura, pois buscam uma ascensão social.
O artigo em linhas abaixo direciona a muito bem a questão da cultura eclesiástica, a despeito da tendência para regionalização, esta cultura tem mais ou menos por todo lado, à mesma estrutura e o mesmo nível.
Nesse diapasão, o tema continua discorrendo, apresentado o monopólio da cultura eclesiástica, o papel dos chefes eclesiásticos como interlocutores entre a aristocracia e os camponeses (massa inculta e elite cultivada), adaptando-se a cultura pagã. (exemplos apostos , Isidoro, Sevilha e a cultura visigótica).
Outro fator foi o documento arqueológico que testemunha a relação entre a cultura clerical e a cultura folclórica, na cultura eclesiástica escrita temos a vida dos santos, obras pastorais (Cesário, Martinho de Braga, Gregório, textos dos concílios), e na cultura folclórica a uma resistência passiva, que até certo ponto consegue contaminar a cultura eclesiástica, com fortes ligações com a políticas sociais e religiosas e revoltos arianos.
Baseados nesses dados descritos acima, o autor tenta entender as ações da cultura eclesiástica perante a cultura folclórica, onde confunde o terrestre com o sobrenatural, onde se faz necessária à adaptação do clero a certos tipos cerimoniais, onde a cultura eclesiástica deve em determinadas ocasiões adaptar-se, a cultura folclórica que recusa essa adaptação, mas a cultura clerical absorve e elimina a folclórica, pois e uma ameaça aos significados cristãos.
Fica evidente que o texto focaliza o poder do clero na idade media, onde assistimos a um bloqueamento da cultura inferior pela superior.
Dados bibliográficos :
Livro: Para um Novo Conceito de Idade Média – tempo,trabalho e cultura ocidental
Texto : Cultura Clerical e Tradições Folclóricas na Civilização Merovingia – p. 207;217
Autor : Lê Golff, Jacques
Editora Estampa – Lisboa 1980
Autor da resenha : Catarino,Roberto