BLOG DO PROFº ROBERTO CATARINO

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quinta-feira, 27 de junho de 2013

QUEM FOI CONSTANTINO?



QUEM FOI CONSTANTINO?

 
Flavius Valerius Aurelius Constantinus (272-337), conhecido como Constantino I ou Constantino o Grande, foi imperador do Império Romano do ano 306 a 337. Na História, passou como o primeiro imperador cristão
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Era filho de um oficial grego, Constâncio Cloro, que no ano 305 foi nomeado Augusto, em vez de Galério, e de uma mulher que tornou-se santa, Helena. Ao morrer Constâncio Cloro em 306, Constantino é aclamado imperador pelas tropas locais, em meio a uma difícil situação política, agravada pelas tensões com o antigo imperador Maximiano e seu filho Magêncio. Constantino derrotou primeiro Maximiano em 310 e logo depois Magêncio, na batalha de Ponte Mívio, em 28 de outubro de 312. Uma tradição afirma que Constantino antes dessa batalha teve uma visão. Olhando o sol, que era venerado pelos pagãos, viu uma cruz e ordenou a seus soldados que pusessem nos escudos o monograma de Cristo (as duas primeiras letras do nome grego sobrepostas). Embora continuasse praticando ritos pagãos, desde essa vitória mostrou-se favorável aos cristãos. Sendo Licínio o Imperador no oriente, promulgou o chamado “edito de Milão” (ver pergunta seguinte) favorecendo a liberdade de culto. Mais tarde os dois imperadores se enfrentaram e no ano 324 Constantino derrotou Licínio e se converteu no único Augusto do império


Constantino levou a cabo numerosas reformas de tipo administrativo, militar e econômico, porém destacou-se mais nas disposições político-religiosas, sobretudo nas que encaminhariam a cristianização do império. Promoveu estruturas adequadas para conservar a unidade da Igreja, preservar a unidade do estado e legitimar sua configuração monárquica, sem excluir outras motivações religiosas de tipo pessoal. Ao lado dessas disposições administrativas eclesiásticas, tomou medidas contra heresias e cismas. Para defender a unidade da Igreja, lutou contra o cisma causado pelos donatistas no norte da África e convocou o Concílio de Nicéia (ver pergunta: O que aconteceu no Concílio de Nicéia?) para resolver a controvérsia trinitária originada por Ário. Em 330 mudou a capital do império de Roma para Bizâncio, que chamou Constantinopla, o que supôs uma ruptura com a tradição, apesar de querer enfatizar o aspecto de capital cristã. Como então ocorria com freqüência, somente foi batizado pouco antes de morrer. Quem o batizou foi Eusébio de Nicomédia, bispo de tendência ariana.

Entre as falhas de seu mandato — comuns no tempo em que viveu — não se podem negar, por exemplo, as referentes ao seu caráter caprichoso e violento; nem se pode negar também que tenha dado liberdade à Igreja e favorecido a sua unidade. Mas não é historicamente certo que, para consegui-lo, Constantino determinasse entre outras coisas o número de livros que devia ter a Bíblia. Nesse extenso processo que terminou muito mais tarde, os quatro evangelhos eram desde há muito tempo os únicos que a Igreja reconhecia como verdadeiros. Os outros “evangelhos” não foram suprimidos por Constantino, pois já tinham sido proscritos como heréticos dezenas de anos antes.

 
No ano de 312, os soldados romanos passaram a usar nos escudos o monograma cristão. O fato teria motivado por uma visão sobrenatural que seu líder, Constantino 1º, experimentou. Ele passou para a história como o primeiro imperador romano cristão.
 
 
Constantino era filho de mãe de fala grega e pai de falo grego. Constâncio Cloro era um dos muitos militares gregos a serviço do Império Romano. Constantino foi criado na Ásia Menor, solo grego, e, segundo Gibbon, desprezava Roma. O desprezo dos gregos (indo-europeus) pelos bárbaros latinos é algo notório, ainda que alguns cristãos fossem latinos. Tanto que a rixa entre ambas as igrejas permanece até hoje. Mas esse é outro assunto.
Somente a origem grega do cristianismo e conversações avançadas no mundo helênico poderia assegurar a Constantino a confiança demonstrada. A cultura helênica havia se implantado decisivamente em todo mundo antigo, muito antes do domínio romano, do qual Roma toda faceira já fazia parte. Somente o talento e a experiência acumulada pelos gregos poderiam conceber e precipitar uma religião sincrética cuja maleabilidade abarcasse o todo, e, inclusive, mantivesse os indomados judeus sob seu controle, ao inocular o judaísmo num contexto cultural mundial. Deve ter sido uma oferta tentadora.
 
É interessante observar que a convicção pagã de Constantino seguia tranquila, a despeito da sua amizade com o cristão Lúcio Cecílio Firmiano Lactâncio (260-320), que veio tornar-se conselheiro do imperador, e que, desde Diocleciano (284-305), contestava o politeísmo greco-romano com o objetivo minar os fundamentos místicos que legitimavam o sistema político da Tetrarquia ou do poder dividido por quatro: Diocleciano (Augusto), Maxminiano (Augusto), Galério (César) e Constâncio Cloro (César).
 
Percebe-se a evidência de que gestões calculadoras eram feitas pelos cristãos na corte, bem antes de Constantino chegar ao poder. Ninguém que estuda o assunto ignora que o cristianismo almejava tornar-se a única religião de um governo mundial a semelhança do não alcançado ideal universal helenístico. Convenhamos que a ideia de que esta crença chegou ao poder de modo acidental, é no mínimo infantil. Portanto, a discussão que faz de Constantino herói ou bandido não procede. Parece que a sua função é afastar a atenção geral daí, dos bastidores dessa negociação ainda oculta. 
 

Referências

DANIÉLOU, Jean; MARROU, Henri. Nova história da Igreja: dos primórdios a São Gregório Magno. Petrópolis: Vozes, 1966.



DE LA TOREE FERNÁNDEZ, J. e GARCÍA Y GARCÍA, A. “Constantino I, el Grande” in Gran Enciclopedia Rialp vol. VI ( 2ª ed.), Rialp, Madrid, pp. 309-312.


FORLIN PATRUCO, M. “Constantino I” in Diccionario Patrístico y de la Antigüedad Cristiana (ed. Por A. di Berardino), Sígueme, Salamanca 1991, pp. 475-477.


ADOLFI, A. Costantino tra paganesimo e cristianesimo, Laterza, Bari, 1976.

 

 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

OS PADRES DO DESERTO


Padres do Deserto
 
 
 
A Escritura, escola de vida A vocação de Antão, como nos foi descrita por Atanásio em sua Vida de Antão, é bem conhecida. Certo dia o jovem Antão, que havia sido criado numa família cristã da Igreja de Alexandria (ou ao menos na região de Alexandria) e que havia portanto escutado as suas Escrituras serem lidas desde sua infância, entra numa igreja e é particularmente movido pelo texto da Escritura que ouve sendo lida: a história da vocação do jovem rico: "Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e depois, segue-me; e terás um tesouro nos céus " (Mt 19,21 Vit. Ant. 2). Antão sem dúvida havia escutado este texto muitas vezes antes: mas naquele dia a mensagem o acerta com mais força, e recebe-a como um chamado pessoal. Responde, então ao chamado, vende a propriedade da família - que era bastante considerável - e distribui os lucros desta venda aos pobres do vilarejo, conservando só o suficiente para manter sua irmã mais nova por quem é responsável. Pouco depois, ao entrar na igreja de novo, ouve outro texto do Evangelho que o afeta tanto quanto o primeiro: "Não vos preocupeis com o amanhã" (Mt 6,34: Vit. Ant. 3). Este texto também vai direto ao seu coração como um chamado pessoal. Confia, assim sua irmã a uma comunidade de virgens (tais comunidades existiam há muito), liberta-se de tudo o que fica com ele e assume uma vida ascética próximo à sua aldeia, sob a orientação dos ascetas da região. Esta história mostra claramente a importância e o significado que a Escritura tinha entre os Padres do Deserto. Antes de tudo, era uma escola de vida. E porque era uma escola de vida, era também uma escola de oração para os homens e as mulheres que desejavam fazer de sua vida uma oração contínua, como a Escritura lhes pedia. Os Padres do Desero desejavam viver fielmente em suas vidas todos os preceitos da Escritura. E nelas o primeiro preceito concreto que encontraram sobre a frequência de oração não era o de que deveriam rezar nesta ou naquela hora do dia ou da noite, mas que deveriam rezar sem cessar. Atanásio escreve de Antão: (Vit. Ant. 3): "Ele trabalhava com suas mãos, tendo ouvido que quem é ocioso, não deve comer (2 Tes 3,10). E gastava o que ganhava em parte com pão, e em parte dando aos necessitados. Orava constantemente, uma vez que aprendera que é necessário rezar sem cessar em particular. Pois ele prestava uma atenção tão grande ao que era lido que nada lhe escapava da Escritura - conservava tudo e retinha na memória que ocupava o lugar de livros. "Deve-se notar logo neste texto de Atanásio que a oração contínua é acompanhada de outras atividades, em particular do trabalho, e também a expressão de que ele (Antão) prestava muita atenção ao que era lido. Obviamente não podemos falar da Escritura como uma escola de oração entre os Padres do Deserto sem nos referirmos a duas admiráveis Conferências que Cassiano dedicou explicitamente à oração, ambas atribuídas ao abade Isaac, a 9a. e a 10a. O princípio fundamental é dado desde o início da Conferência 9: "Todo o propósito do monge e da perfeição do coração consistem numa perseverança ininterrupta na oração". E Isaac explica que todo o resto da vida monástica, a ascese e a prática das virtudes não tem sentido ou razão de ser a menos que conduza a tal fim.
 
Filhos da Igreja do Egito e de Alexandria.
Esta maneira de entender a Escritura como Regra de vida não era, entretanto, peculiar dos monges. Não devemos esquecer que os Padres do deserto que nos são conhecidos pelos Apoftegmas, a literatura pacomiana, Paládio e Cassiano, etc., são antes de tudo monges egípcios do final do século terceiro e início do século quarto. Estes monges são filhos da Igreja. Pertencem a uma Igreja específica, a do Egito, formada na tradição espiritual de Alexandria. O mito de acordo com o qual a maioria dos primeiros monges, começando por Antão, era iletrada e ignorante, não é sustentado pela pesquisa científica. Muitos estudos recentes, particularmente os de Samuel Rubenson sobre as Cartas de Antão, mostraram que Antão e os primeiros monges do Deserto do Egito assimilaram o ensinamento espiritual da Igreja de Alexandria, que era profundamente marcada pelo ensinamento dos grandes mestres da Escola de Alexandria e, em particular, pela inspiração mística dada pelo seu mais ilustre mestre, o grande Orígenes. A Igreja de Alexandria nasceu da primeira geração do Cristianismo no coração de uma diáspora judaica altamente educada que contava, de acordo com Plínio, cerca de um milhão de membros: isto explica o fato de que esta Igreja de Alexandria e do Egito tiveram desde o início uma orientação judaico-cristão muito marcante. Explica também sua abertura à tradição escriturística e mística que marcaram as Igrejas Judeo-Cristãs das primeiras gerações de cristãos. A Escola do Deserto é, sob muitos pontos de vista, a réplica em solidão da Escola de Alexandria onde sabemos que Orígenes viveu com seus discípulos uma forma de vida monástica completamente centrada sobre a Palavra de Deus. De acordo com a bela descrição de Jerônimo, esta vida foi uma alternância contínua entre oração e leitura, leitura e oração, noite e dia (Carta a Marcella 43, 1; PL 22:478: Hoc diebus egisse et noctibus, ut et lectio orationem exciperet, et oratio lectionem.) Nem era isto exclusivo do Egito. Quase ao mesmo tempo, Cipriano de Cartago formulava uma regra que seria depois reproduzida por quase todos os Padres Latinos: "Rezai assiduamente ou lede assiduamente; por vezes falai a Deus, noutras vezes, escutai a Deus falando a vós" (carta 1,15; PL 4:221 B: Sit tibi vel oratio assidua vel lectio: nunc cum Deo loquere, nunc Deus tecum - que se tornou a fórmula clássica: "quando rezais, vós falais com Deus; quando ledes, Deus fala convosco.") Se todos os monges egípcios não leram Evágrio, e se uns poucos deles devem ter lido Orígenes no texto, o fato é que eles foram formados para a espiritualidade cristã pelo ensinamento de pastores que permaneceram fortemente influenciados pela orientação que Orígenes dera à Igreja de Alexandria através da Escola que dirigira ali por muitos anos. Isto é o que explica a sólida espiritualidade bíblica do monaquismo primitivo. Pode-se objetar imediatamente que as citações bíblicas são, quando tudo está dito e feito, relativamente poucas nos Apoftegmas, mesmo se elas são muito mais frequentes na literatura pacomiana. A resposta é que a Escritura modelou de tal forma o modo de vida desses ascetas que seria supérfluo citar-lhe as passagens. O monge "pneumatophoros" era aquele que, vivendo de acordo com as Escrituras, estava cheio do mesmo Espírito que inspirara as Escrituras. (Estavam longe então do costume moderno que exige que nenhum enunciado nenhum ensinamento seja levado a sério, a menos que seja embelezado com uma nota de rodapé indicando todas as pessoas que tinham dito a mesma coisa antes de nós). A tradição do que agora é chamado de lectio divina, isto é, o desejo de permitir-se ser desafiado e transformado pelo fogo da Palavra de Deus, não seria compreendido sem sua dependência, para além do monaquismo primitivo, da tradição do ascetismo cristão dos três primeiros séculos, e mesmo de suas raízes na tradição de Israel. Da catequese recebida na sua Igreja local, o monge aprendeu que foi criado à imagem de Deus, que esta imagem foi deformada pelo pecado e que precisa ser reformada. Para isso, precisa deixar-se ser transformado e remodelado à imagem do Cristo. Pela ação do Espírito Santo e sua vida de acordo com o Evangelho, sua semelhança com o Cristo é gradualmente restaurada e ele é capaz de conhecer a Deus. Vemos que o objetivo da vida do monge, como expresso por Cassiano, é a oração contínua, que ele descreve como uma consciência constante da presença de Deus, realizada através da pureza do coração. Não é adquirida através desta ou daquela observância, nem mesmo através da leitura ou meditação sobre a Escritura, mas através de deixar-se ser transformado pela Escritura. O contato com a Palavra de Deus - não importa se o contato se dá através da leitura litúrgica da Palavra, do ensinamento de um pai espiritual, da leitura em particular de um texto ou da simples ruminação de um versículo ou de algumas palavras aprendidas decor - este contato é o ponto de partida para um diálogo com Deus. Este diálogo é estabelecido e prosseguido na medida que o monge atingiu certa pureza de coração, uma simplicidade de coração e de intenção, e também na medida que ele colocou em prática os meios de chegar a esta pureza do coração e de mantê-la. Este diálogo, no decurso do qual a Palavra incessantemente desafia o monge à conversão, sustenta esta contínua atenção a Deus, que os Padres consideravam como oração contínua, e que é o objetivo de sua vida. Para os monges do Deserto, a leitura da Palavra de Deus não é simplesmente um exercício religioso de lectio que gradualmente prepara o espírito e coração para a "meditatio" e depois para a" oratio", na esperança que possam mesmo chegar à" contemplatio" (... se possível antes que a meia hora ou a hora de lectio termine). Para os monges do deserto, o contato com a Palavra é contato com o fogo que queima, perturba, chama violentamente à conversão. O contato com a Escritura não é para eles um método de oração; é um encontro místico. E este encontro frequentemente os torna temerosos, mas ao mesmo tempo os faz conscientes de suas exigências.
Conclusão.
Os Padres do Deserto nos lembram da importância primordial da Escritura na vida do cristão e da necessidade de nos deixar ser constantemente transformados na Palavra de Deus que é o Cristo. Além disto, mesmo um estudo rápido como fizemos, da maneira em que eles abordaram a Escritura, por si mesmo nos faz trazer à baila certos aspectos da concepção moderna da lectio divina, ou mais precisamente, apela para que ir além deles para chegar a um entendimento mais profundo da unidade de sua experiência vivida. O monge, mais do que qualquer outro, não pode se permitir estar dividido. Seu próprio nome, monachos, o lembra sem cessar da unidade da preocupação, da aspiração e de atitude própria do homem ou mulher que escolheu viver um único amor com um coração indiviso.
Fonte: Vaticano. D. Armand Veilleux, OCSO
Tradução: Cecilia Fridman, Rio Negro, PR, Brasil,
 
 


segunda-feira, 17 de junho de 2013

SANTO ELIAS - O PROFETA

Santo Elias (Profeta) Por Roberto Catarino Comemoração litúrgica: 16 de fevereiro - A Igreja comemora no dia 16 de fevereiro a memória do profeta Elias, cuja pregação e vida deram-se no Monte Carmelo, no tempo dos reis Achab e Ochozias. Foi ele o grande defensor da fé em Israel e com sua atuação profética fez com que os israelitas deixassem os falsos deuses e voltassem o coração para o Deus de Israel, o Pai de Jesus Cristo, o único e verdadeiro Deus Na ocasião da sua fuga do rei Achab e de sua mulher Jesabel, um corvo trazia-lhe sua ração diária de carne e pão. Sua indumentária era composta de peles de carneiro e um cinto de couro. Quando houve grande seca no país, foi a Serepta, multiplicou milagrosamente a farinha e o azeite na casa de uma viúva, cujo filho morto ressuscitou. No monte Carmelo confundiu os sacerdotes de Baal, chamando fogo do céu sobre o altar do altíssimo. Perseguido pelas iras de Jezabel, se retirou para o monte Horeb e ungiu seu sucessor Eliseu. Conseguiu a conversão de Achab e predisse a Ochozias a próxima morte. Elizeu viu-o subir ao céu num carro de fogo, daí a tradição confirmada por Nosso Senhor (Mt 17, 11) que, como Henoc, não morreu, e que há de voltar para a terra. O profeta Elias, na transfiguração de Nosso Senhor no monte Tabor, apareceu junto com Moisés, conta o evangelista. È igualmente venerado pelos judeus e pelos maometanos. O Ano de seu nascimento é 912 a. c. e é considerado o padroeiro fundador da Ordem Carmelitana. O Profeta Elias e os Carmelitas Quanto à origem da ordem carmelitana, remonta tempos muito antigos. O culto especial e a devoção à Santa Mãe de Deus, remonta a origem da congregação carmelitana aos tempos do profeta Elias. Não há dúvida que as promessas messiânicas eram conhecidas no mundo pagão da antiguidade. A Mãe do Salvador vê-se preconizada pelas Sibilas, simbolizada pelas imagens de Isis e venerada nos mistérios pagãos. Dentro desta suposição, seria de se causar estranheza se o povo de Deus do antigo testamento, não tivesse noção alguma ou qualquer referência que dissesse respeito à Mãe do Salvador, a Mulher que iria esmagar a cabeça da Serpente. Na Ordem Carmelitana é guardada a tradição, na qual o profeta Elias, ao ver aquela nuvenzinha que se levantava no mar e a pegada d’homem, teria nela reconhecido o símbolo, a figura da futura Mãe do Salvador. Os discípulos de Elias, em lembrança daquela visão, teriam fundado uma Congregação com sede no monte Carmelo, com o fim declarado de prestar homenagens à Mãe do Mestre. Esta Congregação teria se conservado até os dias de Jesus Cristo e existido com o título de Servos de Maria. Santa Teresa, a grande santa da Ordem Carmelitana, reconhece no profeta Elias o fundador da Ordem. As visões da bem-aventurada Ana Maria Emerich sobre a vida de Maria Santíssima, ocupam-se minuciosamente da congregação dos Servos de Maria, no Antigo Testamento. Segundo uma piedosa tradição, autorizada pela liturgia para o dia de Pentecostes, um grupo de homens devotos dos Profetas Elias e Eliseu, foram preparados por São João Batista para o advento do Salvador, abraçaram o cristianismo e erigiram no monte Carmelo um santuário à SS. Virgem, naquele mesmo lugar onde Elias vira aparecer aquela nuvenzinha, anunciadora da fecundidade da Mãe de Deus. Adotaram eles o nome de “Irmãos da Bem-aventurada Maria do Monte Carmelo”. Os séculos transcorreram e no século XII, o calabrês Bertoldo, com mais alguns companheiros , estabeleceram-se no Monte Carmelo, fato historicamente documentado. Porém, não se sabe se lá encontraram a Congregação dos Servos de Maria ou se lá fundaram uma com este nome, pois que antes desse fato, não encontramos outros registros documentais a respeito. Em 1209 receberam das mãos de Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém as regras da devidamente aprovadas. Pela ocasião das Cruzadas, a Congregação difundiu-se rapidamente na Europa. Conventos foram fundados na Inglaterra e outros alastraram-se rapidamente pelo mundo, se bem que em meio à muitas perseguições. Uma referência muito forte, além de Santa Tereza, é São Simão Stok, carmelita da ordem nessa mesma época. Como propagador ardentíssimo da Ordem e do culto mariano pelo mundo, recebeu, durante fervorosa oração, a visita de Nossa Senhora, que lhe apresentou o escapulário como um privilégio para todos os membros da Ordem do Carmo, sob a promessa de que quem estivesse dele revestido na hora da morte, ficaria livre do fogo do inferno. São Simão Stok tratou então, de divulgar a irmandade do escapulário e foi o responsável em estender as graças do escapulário a todo o mundo católico, e para participarem dos grandes privilégios concedidos por Nossa Senhora. O escapulário teve aceitação extraordinária entre o povo católico e, neste sentido, só é comparável ao Rosário. Referências bibliográficas: 1. Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico - Juiz de Fora - Minas Gerais, 1959. 2. Oração das Horas - Editora Vozes, Paulinas, Paulus e Ave-Maria, 1996.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

QUEM FOI CLEMENTE DE ALEXANDRIA?

QUEM FOI CLEMENTE DE ALEXANDRIA? Por Roberto Catarino “Clemente foi o primeiro grande teólogo cristão a lançar mão da filosofia grega sem, no entanto, deixar de considerar a fé superior àquela”. A afirmação é da professora Rita de Cássia Codá dos Santos, tradutora da obra “Exortação aos Gregos”, de Clemente de Alexandria, que acaba de ser lançada pela É Realizações. Rita acredita que, para o cristão do século XXI, Clemente continua atual, pois sua exortação “vai além do teológico; é também uma lição de estilo poético de rara beleza, um profundo conhecedor da natureza dos gregos que, por metonímia, é a de todo homem. Para ele, o que impede o crescimento espiritual são sempre o orgulho e a ignorância. A verdadeira sabedoria que o homem pode adquirir é simplesmente centelhas do logos divino. E não há outra sabedoria”. Tito Flávio Clemente (145-215) foi um homem de grande erudição, um pepaideumenos , como se diz em grego clássico. Provavelmente pertencia à alta classe social. Não se sabe, ao certo, se nasceu em Atenas ou em Alexandria. Ao converter-se ao cristianismo, com mais de trinta anos, andou pelo Oriente Médio (Síria, Palestina) em busca da verdadeira gnose, mas foi na Magna Grécia (sul da Itália) que ele encontrou um mestre cristão, Panteno, de formação estoica, que o fez entender que não precisava deixar de lado a filosofia grega para se tornar um bom cristão. Que o Evangelho e a sabedoria dos helenos não são de todo inconciliáveis. Muito pelo contrário, houve, segundo Panteno, um desígnio divino para que o cristianismo se encontrasse com a cultura helênica. Em verdade, Clemente foi o primeiro grande teólogo cristão a lançar mão da filosofia grega sem, no entanto, deixar de considerar a fé superior àquela. Com o método alegórico de Fílon de Alexandria , ele continua e aprofunda a tradição catequética de Panteno. Outro tópico essencial em Clemente é a questão da gnose. Ele propõe uma gnose cristã, em oposição a uma gnose herética ou heterodoxa. E é isso que vai envolvê-lo numa cadeia de mal-entendidos históricos e doutrinais. Primeiramente foi Fócio , patriarca de Constantinopla (820-895) que, sem o devido distanciamento histórico, deixa Clemente numa situação ambígua perante a ortodoxia dogmática, após ler e resenhar as obras clementinas; o problema estava nas Hypotypóseis (Ensaios/Demonstrações). Depois da avaliação de Fócio, esta obra entrou no rol das desaparecidas. Depois, em 1748, o papa Bento XIV , através da bula Postquam intelleximus, excluiu Clemente de Alexandria do Cânon. Clemente será um pregador da e para a elite grega de Alexandria. E seu maior legado é a fusão magistral que faz da filosofia grega com o cristianismo. Não há incompatibilidade entre a cultura e a fé. Daí ele se lançar incisivamente contra os cultos politeístas e os mistérios de iniciação dos gregos. Isso, para ele, era algo ininteligível. O culto de estátuas de deuses cuja história nem sempre é edificante, muitas delas imorais e destrutivas, os mistérios iniciáticos, tudo era risível quando confrontado com a arrogância e a sabedoria grega. Outra ideia fundamental é “transfiguração” que ele faz de certos tópicos do paganismo grego para “mostrar” Cristo, o logos divino aos gregos. Ele usa todo o léxico dos mistérios para se referir a Cristo. E tudo isso envolto numa linguagem altamente poética. Por fim, ele propõe aos gregos abandonar a loucura do paganismo e acolher o logos divino que, ao lado de grandes tópicos da filosofia grega, é a verdadeira filosofia, o “cântico novo do logos”. Para o cristão do século XXI, creio que Clemente continua atual, pois sua exortação vai além do teológico; é também uma lição de estilo poético de rara beleza, um profundo conhecedor da natureza dos gregos que, por metonímia, é a de todo homem. Para ele, o que impede o crescimento espiritual são sempre o orgulho e a ignorância. A verdadeira sabedoria que o homem pode adquirir é simplesmente centelhas do logos divino. E não há outra sabedoria. Clemente, como um aristocrata, passou por todos os níveis da paidéia (educação) grega. E a filosofia era o último estágio da formação do homem grego. Portanto, ele era um filósofo, no sentido grego, mesmo sem ter deixado um sistema próprio. Era, digamos, um grande erudito. Seu contato com Panteno foi decisivo para a sua postura em face do cristianismo. Ele aprende com o mestre siciliano que o cristianismo não rechaça a filosofia grega, que um precisa do outro, porque a filosofia foi o primeiro relampejo do logos. O que ele faz, na verdade, é uma bela síntese cultural; aproveita não apenas a filosofia helênica, mas também a poesia, a música e a medicina para mostrar que não há nenhum demérito em acatar o cristianismo, mesmo para aqueles que se consideram cultos. Fonte: Alexandria, Clemente de. Exortação aos Gregos. Tradução: Rita de Cássia Codá dos Santos. São Paulo: É Realizações, 2013

quarta-feira, 12 de junho de 2013

OS SANTOS PADRES DA IGREJA

Chamamos de «Padres da Igreja» (Patrística) aqueles grandes homens da Igreja, aproximadamente do século II ao século VII, que foram no Oriente e no Ocidente como que «Pais» da Igreja, no sentido de que foram eles que firmaram os conceitos da nossa fé, enfrentaram muitas heresias e, de certa forma foram responsáveis pelo que chamamos hoje de Tradição da Igreja; sem dúvida, são a sua fonte mais rica. Certa vez disse o Cardeal Henri de Lubac: «Todas as vezes que, no Ocidente tem florescido alguma renovação, tanto na ordem do pensamento como na ordem da vida – ambas estão sempre ligadas uma à outra – tal renovação tem surgido sob o signo dos Padres.» Gostaria de apresentar aqui ao menos uma relação, ainda que incompleta, desses gigantes da fé e da Igreja, que souberam fixar para sempre o que Jesus nos deixou através dos Apóstolos. Neste capítulo vamos apresentar um pouco daquilo que esses grandes Padres da Igreja escreveram; isto nos ajudará a compreender melhor o que é a Sagrada Tradição da Igreja. Veremos de onde vem a fonte de tudo aquilo que cremos e vivemos na Igreja [...] São Clemente de Roma (†102), Papa (88-97), foi o terceiro sucessor de São Pedro, nos tempos dos imperadores romanos Domiciano e Trajano (92 a 102). No depoimento de Santo Ireneu “ele viu os Apóstolos e com eles conversou, tendo ouvido diretamente a sua pregação e ensinamento”. (Contra as heresias) Santo Inácio de Antioquia (†110) foi o terceiro bispo da importante comunidade de Antioquia, fundada por São Pedro. Conheceu pessoalmente São Paulo e São João. Sob o imperador Trajano, foi preso e conduzido a Roma onde morreu nos dentes dos leões no Coliseu. A caminho de Roma escreveu Cartas às igreja de Éfeso, Magnésia, Trales, Filadélfia, Esmirna e ao bispo S. Policarpo de Esmirna. Na carta aos esmirnenses, aparece pela primeira vez a expressão “Igreja Católica”. Aristides de Atenas († 130) foi um dos primeiros apologistas cristãos; escreveu a sua Apologia ao imperador romano Adriano, falando da vida dos cristãos. São Policarpo (†156) foi bispo de Esmirna, e uma pessoa muito amada. Conforme escreve Santo Irineu, que foi seu discípulo, Policarpo foi discípulo de São João Evangelista. No ano 155 estava em Roma com o Papa Niceto tratando de vários assuntos da Igreja, inclusive a data da Páscoa. Combateu os hereges gnósticos. Foi condenado à fogueira; o relato do seu martírio, feito por testemunhas oculares, é documento mais antigo deste gênero (publicado neste livro). Hermas (†160) era irmão do Papa São Pio I, sob cujo pontificado escreveu a sua obra Pastor. suas visões de estilo apocalíptico. Didaquè (ou Doutrina dos Doze Apóstolos) é como um antigo catecismo, redigido entre os anos 90 e 100, na Síria, na Palestina ou em Antioquia. Traz no título o nome dos doze Apóstolos. Os Padres da Igreja mencionaram-na muitas vezes. Em 1883 foi encontrado um seu manuscrito grego. São Justino (†165), mártir nasceu em Naplusa, antiga Siquém, em Israel; achou nos Evangelhos “a única filo proveitosa”, filósofo, fundou uma escola em Roma. Dedicou a sua Apologias ao Imperador romano Antonino Pio, no ano 150, defendendo os cristãos; foi martirizado em Roma. Santo Hipólito de Roma (160-235) discípulo de santo Irineu (140-202), foi célebre na Igreja de Roma, onde Orígenes o ouviu pregar. Morreu mártir. Escreveu contra os hereges, compôs textos litúrgicos, escreveu a Tradição Apostólica onde retrata os costumes da Igreja no século III: ordenações, catecumenato, batismo e confirmação, jejuns, ágapes, eucaristia, ofícios e horas de oração, sepultamento, etc. Melitão de Sardes (†177) foi bispo de Sardes, na Lídia, um dos grandes luminares da Ásia Menor. Escreveu a Apologia, dirigida ao imperador Marco Aurélio. Atenágoras (†180) era filósofo em Atenas, Grécia, autor da Súplica pelos Cristãos, apologia oferecida em tom respeitoso ao imperador Marco Aurélio e seu filho Cômodo; escreveu também o tratado sobre A Ressurreição dos mortos, foi grande apologista. São Teófilo de Antioquia (†após 181) nasceu na Mesopotâmia, converteu-se ao cristianismo já adulto, tornou-se bispo de Antioquia. Apologista, compôs três livros, a Autólico. Santo Ireneu (†202) nasceu na Ásia Menor, foi discípulo de são Policarpo (discípulo de são João), foi bispo de Lião, na Gália (hoje França). Combateu eficazmente o gnosticismo em sua obra Adversus Haereses (Refutação da Falsa Gnose) e a Demonstração da Preparação Apostólica. Segundo são Gregório de Tours (†594), são Irineu morreu mártir. É considerado o “príncipe dos teólogos cristãos”. Salienta nos seus escritos a importância da Tradição oral da Igreja, o primado da Igreja de Roma (fundada por Pedro e Paulo). Santo Hilário de Poitiers (316-367), doutor da Igreja, foi bispo de Poitiers, combateu o arianismo, foi exilado pelo imperador Constâncio, escreveu a obra Sobre a Santíssima Trindade. São Clemente de Alexandria (†215) Seu nome é Tito Flávio Clemente, nasceu em Atenas por volta de 150. Viajou pela Itália, Síria, Palestina e fixou-se em Alexandria. Durante a perseguição de Setímio Severo (203), deixou o Egito, indo para a Ásia Menor, onde morreu em 215. Seu grande trabalho foi tentar a aliança do pensamento grego com a fé cristã. Dizia: “Como a lei formou os hebreus, a filo formou os gregos para Cristo”. Orígenes (184-254) Nasceu em Alexandria, Egito; seu pai Leônidas morreu martirizado em 202. Também desejava o martírio; escreveu ao pai na prisão: “não vás mudar de idéia por causa de nós”. Em 203 foi colocado à frente da escola catequética de Alexandria pelo bispo Demétrio. Em 212 esteve em Roma, Grécia e Palestina. A mãe do imperador Alexandre Severo, Júlia Mammae, chamou-o a Antioquia para ouvir suas lições. Morreu em Cesaréia durante a perseguição do imperador Décio. Tertuliano de Cartago (†220), norte da África, culto, era advogado em Roma quando em 195 se converteu ao Cristianismo, passando a servir a Igreja de Cartago como catequista. Combateu as heresias do gnosticismo, mas se desentendeu com a Igreja Católica. É autor das frases: “Vede como se amam” e “ O sangue dos mártires era semente de novos cristãos”. São Cipriano (†258) Cecílio Cipriano nasceu em Cartago, foi bispo e primaz da África Latina. Era casado. Foi perseguido no tempo do imperador Décio, em 250, morreu mártir em 258. Escreveu a bela obra Sobre a unidade da Igreja Católica. Na obra De Lapsis, sobre os que apostataram na perseguição, narra ao vivo o drama sofrido pelos cristãos, a força de uns, o fracasso de outros. Escreveu ainda a obra Sobre a Oração do Senhor, sobre o Pai Nosso. Eusébio de Cesaréia (260-339) bispo, foi o primeiro historiador da Igreja. Nasceu na Palestina, em Cesaréia, discípulo aí de Orígenes. Escreveu a sua Crônica e a História Eclesiástica, além de A Preparação e a Demonstração Evangélicas. Foi perseguido por Dioclesiano, imperador romano. Santo Atanásio (295-373), doutor da Igreja, nasceu em Alexandria, jovem ainda foi viver o monaquismo nos desertos do Egito,onde conheceu o grande Santo Antão(†376), o “pai dos monges”. Tornou-se diácono da Igreja de Alexandria, e junto com o seu Bispo Alexandre, se destacou no Concílio de Nicéia (325) no combate ao arianismo. Tornou-se bispo de Alexandria em 357 e continuou a sua luta árdua contra o arianismo (Ário negava a divindade de Jesus), o que lhe valeu sete anos de exílio. São Gregório Nazianzeno disse dele: “O que foi a cabeleira para Sansão, foi Atanásio para a Igreja.” Santo Hilário de Poitiers (316-367), doutor da Igreja, nasceu em Poitiers, na Gália (França); em 350 clero e povo o elegiam bispo, apesar de ser casado. Organizou a luta dos bispos gauleses contra o arianismo. Foi exilado pelo imperador Constâncio, na Ásia Menor, voltando para a Gália em 360, fazendo valer as decisões do Concílio de Nicéia. É chamado o “Atanásio do Ocidente”.Escreveu as obras Sobre a Fé, Sobre a Santíssima Trindade. Santo Efrém, o Sírio (†373) doutor da Igreja é considerado o maior poeta sírio, chamado de “a cítara do Espírito Santo”. Nasceu em Nísibe, de pais cristãos, por volta de 306, deve ter participado do Concílio de Nicéia (325), segundo a tradição, com o seu bispo Tiago. Foi ordenado diácono em 338 e assim ficou até o fim da vida. Escreveu tratados contra os gnósticos, os arianos e contra o imperador Juliano, o apóstata. Escreveu belos hinos e louvores a Maria. São Cirilo de Jerusalém (†386), doutor da Igreja, Bispo de Jerusalém, guardião da fé professada pela Igreja no Concílio de Nicéia (325). Autor das Catequeses Mistagógicas, esteve no segundo Concílio Ecumênico, em Constantinopla, em 381. São Dâmaso (304-384), Papa da Igreja, instruído, de origem espanhola, sucedeu o Papa Libério que o ordenou diácono; obteve do Imperador Graciano o reconhecimento jurisdicional do bispo de Roma. Mandou que S. Jerônimo fizesse uma revisão da versão latina da Bíblia, a Vulgata. Descobriu e ornamentou os túmulos dos mártires nas catacumbas, para a visita dos peregrinos. São Basílio Magno (329-379), Bispo e doutor da Igreja, nasceu na Capadócia; seus irmãos Gregório de Nissa e Pedro, são santos. Foi íntimo amigo de S. Gregório Nazianzeno; fez-se monge. Em 370 tornou-se bispo de Cesaréia na Palestina, e metropolita da província da Capadócia. Combateu o arianismo e o apolinarismo (Apolinário negava que Jesus tinha uma alma humana). Destacou-se no estudo a Santíssima Trindade (Três Pessoas e uma Essência). São Gregório Nazianzeno (329-390), doutor da Igreja – nasceu em Nazianzo, na Capadócia, era filho do bispo local, que o ordenou padre; foi um dos maiores oradores cristãos. Foi grande amigo de São Basílio, que o sagrou bispo. Lutou contra o arianismo. Sua doutrina sobre a Santíssima Trindade o fez ser chamado de “teólogo”, que o Concílio de Calcedônia confirmou em 481. São Gregório de Nissa (†394) foi bispo de Nissa, e depois de Sebaste, irmão de São Basílio e amigo de São Gregório Nazianzeno. Os três santos brilharam na Capadócia. Foi poeta e místico; teve grande influência no primeiro Concílio de Constantinopla (381) que definiu o dogma da SS. Trindade. Combateu o apolinarismo, macedonismo (Macedônio negava a divindade do Espírito Santo) e arianismo. São João Crisóstomo (354-407) ( = boca de ouro), doutor da Igreja, é o mais conhecido dos Padres da Igreja grega. Nasceu em Antioquia. Tornou-se patriarca de Constantinopla, foi grande pregador. Foi exilado na Armênia por causa da defesa da fé sã. Foi proclamado pelo papa S. Pio X, padroeiro dos pregadores. São Cirilo de Alexandria (†444) Bispo e doutor da Igreja, sobrinho do patriarca de Alexandria, Teófilo, o substituiu na Sé episcopal em 412. Combateu vivamente o Nestorianismo (Nestório negava que em Jesus havia uma só Pessoa e duas naturezas), com o apoio do papa Celestino. Participou do Concílio de Éfeso (431), que condenou as teses de Nestório. É considerado um dos maiores Padres da língua grega, e chamado o “Doutor mariano”. São João Cassiano (360-465) recebeu formação religiosa em Belém e viveu no Egito. Foi ordenado diácono por S. João Crisóstomo, em Constantinopla, e padre pelo papa Inocêncio, em Roma. Em 415 fundou dois mosteiros em Marselha, um para cada sexo. São Bento recomendou seus escritos. São Paulino de Nola (†431) nasceu na Gália (França), exerceu importantes cargos civis até ser batizado. Vendeu seus bens, distribuindo o dinheiro aos pobres, e com sua esposa Terásia passou a viver vida eremítica. Foi ordenado padre em 394, em 409 bispo de Nola. São Pedro Crisólogo (†450) (= palavra de ouro) bispo e doutor da Igreja – foi bispo de Ravena, Itália. Quando Êutiques, patriarca de Constantinopla pediu o seu apoio para a sua heresia (monofisismo - uma só natureza em Cristo), respondeu: “Não podemos discutir coisas da fé, sem o consentimento do Bispo de Roma”. Temos 170 de suas cartas e escritos sobre o Símbolo e o Pai – Nosso. Santo Ambrósio (†397), doutor da Igreja, nasceu em Tréveris, de nobre família romana. Com 31 anos governava em Milão as províncias de Emília e Ligúria. Ainda catecúmeno, foi eleito bispo de Milão, pelo povo, tendo, então recebido o batismo, a ordem e o episcopado. Foi conselheiro de vários imperadores e batizou santo Agostinho, cujas pregações ouvia. Deixou obras admiráveis sobre a fé católica. São Jerônimo (347-420), “Doutor Bíblico” – nasceu na Dalmácia e educou-se em Roma; é o mais erudito dos Padres da Igreja latina; sabia o grego, latim e hebraico. Viveu alguns anos na Palestina como eremita. Em 379 foi ordenado sacerdote pelo bispo Paulino de Antioquia; foi ouvinte de São Gregório Nazianzeno e amigo de São Gregório de Nissa. De 382 a 385 foi secretário do Papa S. Dâmaso, por cuja ordem fez a revisão da versão latina da Bíblia (Vulgata), em Belém, por 34 anos. Pregava o ideal de santidade entre as mulheres da nobreza romana (Marcela, Paula e Eustochium) e combatia os maus costumes do clero. Na figura de São Jerônimo destacam-se a austeridade, o temperamento forte, o amor a Igreja [...]. Santo Epifânio (†403), Nasceu na Palestina, muito culto, foi superior de uma comunidade monástica em Eleuterópolis (Judéia) e depois, bispo de Salamina, na ilha de Chipre. Batalhou muito contra as heresias, especialmente o origenismo. Santo Agostinho (354-430), Bispo e Doutor da Igreja - Nasceu em Tagaste, Tunísia, filho de Patrício e S. Mônica. Grande teólogo, filósofo, moralista e apologista. Aprendeu a retórica em Cartago, onde ensinou gramática até os 29 anos de idade, partindo para Roma e Milão onde foi professor de Retórica na corte do Imperador. Alí se converteu ao cristianismo pelas orações e lágrimas, de sua mãe Mônica e pelas pregações de S. Ambrósio, bispo de Milão. Foi batizado por esse bispo em 387. Voltou para a África em veste de penitência onde foi ordenado sacerdote e depois bispo de Hipona aos 42 anos de idade. Foi um dos homens mais importantes para a Igreja. Combateu com grande capacidade as heresias do seu tempo, principalmente o Maniqueísmo, o Donatismo e o Pelagianismo, que desprezava a graça de Deus. Santo Agostinho escreveu muitas obras e exerceu decisiva influência sobre o desenvolvimento cultural do mundo ocidental. É chamado de “Doutor da Graça”. São Leão Magno (400-461) - Papa e Doutor da Igreja - nasceu em Toscana, foi educado em Roma. Foi conselheiro sucessivamente dos papas Celestino I (422-432) e Xisto III (432-440) e foi muito respeitado como teólogo e diplomata. Participou de grandes problemas da Igreja do seu tempo e pôde travar contato pessoal e por cartas com Santo Agostinho, São Cirilo de Alexandria e São João Cassiano, que o descrevia como “ornamento da Igreja e do divino ministério”. Deixou 96 Sermões e 173 Cartas que chegaram até nós. Participou ativamente na elaboração dogmática sobre o grave problema tratado no Concílio de Calcedônia, a condenação da heresia chamada monofisismo. Leão foi o primeiro Papa que recebeu o título de Magno (grande). Em sua atuação no plano político, a História registrou e imortalizou duas intervenções de São Leão, respectivamente junto a Átila, rei dos Hunos, em 452, e junto a Genserico, em 455, bárbaros que queriam destruir Roma. São Vicente de Lérins (†450) Depois de muitos anos de vida mundana se refugiou no mosteiro de Lérins. Escreveu o seu Commonitorium, “ para descobrir as fraudes e evitar as armadilhas dos hereges”. São Bento de Núrcia (480-547) nasceu em Núrcia, na Úmbria, Itália; estudou Direito em Roma, quando se consagrou a Deus. Tornou-se superior de várias comunidades monásticas; tendo fundado no monte Cassino a célebre Abadia local. A sua Regra dos Mosteiros tornou-se a principal regra de vida dos mosteiros do ocidente, elogiada pelo papa S. Gregório Magno, usada até hoje. O lema dos seus mosteiros era “ora et labora”. O Papa Pio XII o chamou de Pai da Europa e Paulo VI proclamou-o Patrono da Europa, em 24/10/1964. São Venâncio Fortunato (530-600) nasceu em Vêneto na Itália, foi para Poitiers (França). Autor de célebres hinos dedicados à Paixão de Cristo e à Virgem Maria, até hoje usados na Igreja. São Gregório Magno (540-604), Papa e doutor da Igreja - Nasceu em Roma, de família nobre. Ainda muito jovem foi primeiro ministro do governo de Roma. Grande admirador de S. Bento, resolveu transformar suas muitas posses em mosteiros. O papa Pelágio o enviou como núncio apostólico em Constantinopla até o ano 585. Foi feito papa em 590. Foi um dos maiores papas que a Igreja já teve. Bossuet considerava-o “modelo perfeito de como se governa a Igreja”. Promoveu na liturgia o canto “gregoriano”. Profunda influência exerceram os seus escritos: Vida de São Bento e Regra Pastoral, usado ainda hoje. São Máximo, o confessor (580 - 662) nasceu em Constantinopla, foi secretário do imperador Heráclio, depois foi para o mosteiro de Crisópolis. Lutou contra o monofisismo e monotelismo, sendo preso, exilado e martirizado por isso. Obteve a condenação do monotelismo no Concílio de Latrão, em 649. Santo Ildefonso de Sevilha (†636) doutor da Igreja. Considerado o último Padre do ocidente. Bispo de Sevilha, Espanha desde 601. Em 636 dirigiu o IV Sínodo de Toledo. Exerceu notável influência na Idade Média com os seus escritos exegéticos, dogmáticos, ascéticos e litúrgicos. São Germano de Constantinopla - (610-733) Bispo - Patriarca de Constantinopla (715-30), nasceu em Constantinopla ao final do reinado do imperador Heracleo (610-41); morreu em 733 ou 740. Filho de Justiniano, um patriciano, Germano dedicou seus serviços à Igreja e começou como clérigo na catedral de Metrópolis. Logo depois da morte de seu pai que havia ocupado vários altos cargos de oficial, pelas mãos do sobrinho de Herácleo, Germano se consagrou bispo de Chipre, o ano exato, porém, de sua elevação é desconhecido. São João Damasceno (675-749) Bispo e Doutor da Igreja - É considerado o último dos representantes dos Padres gregos. É grande a sua obra literária: poesia, liturgia, filo e apologética. Filho de um alto funcionário do califa de Damasco, foi companheiro do príncipe Yazid que, mais tarde o promoveu ao mesmo encargo do pai, ministro das finanças. A um determinado tempo deixou a corte do califa e retirou-se para o mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém. Tornou-se o pregador titular da basílica do Santo Sepulcro. Enfrentou com muita coragem a heresia dos iconoclastas que condenavam o culto das imagens. Ficaram famosos os seus Três Discursos a Favor das Imagens Sagradas. Fonte : Igreja Ortodoxa – patriarcado do oriente

domingo, 2 de junho de 2013

SANTA BARBARA, VIRGEM E MÁRTIR

Comemoração em 04 de dezembro Grande Santa e Mártir Bárbara viveu e sofreu durante o reinado do imperador Maximiano (305-311). Seu pai, um pagão de nome Dióscoro era um homem rico e ilustre da cidade fenícia de Heliópolis; como ele ficou viúvo muito cedo, voltou toda a sua atenção em devoção a sua filha única. Bárbara tinha uma beleza tão extraordinária que seu pai decidiu criá-la afastada dos olhos de estranhos. Para isso ele construiu uma torre, na qual ela vivia, junto de seus tutores pagãos. Do alto da torre, ela podia vislumbrar a imensidão da criação de Deus: durante o dia, ela via colinas cobertas de florestas, rios que cortavam a terra e campinas cobertas por flores de todas as cores do arco-íris; e, a noite, o impressionante espetáculo da harmonia e majestade dos céus estrelados. Logo a jovem donzela passou a se questionar sobre o Criador de um mundo tão esplêndido e harmonioso. Aos poucos elas foi se convencendo que os ídolos pagão eram criação das mãos humanas, e embora seu pai e tutores a ensinavam a adorá-los, os ídolos não se mostravam sábios ou divinos o suficiente para terem criado o mundo. O desejo de Bárbara de conhecer o Deus Verdadeiro consumia sua alma de tal maneira que ela decidiu devotar toda a as vida a isto, vivendo em castidade. Mas a fama de sua beleza espalhou-se pela cidade, e surgiram muitos pretendentes à sua mão. E apesar das súplicas de seu pai, ela recusou, dizendo-lhe que sua persistência poderia separá-los para sempre, tendo um final trágico. Dióscoro, então, decidiu que o temperamento de sua filha havia sido afetado por sua vida reclusa – ele, então, permitiu que ela deixasse a torre, concedendo-lhe a liberdade de escolha de seus amigos e conhecidos. Foi assim que a donzela conheceu na cidade jovens cristãos, que lhe revelaram sobre os ensinamentos de Deus, a vida de Nosso Senhor, a Trindade e a Sabedoria Divina. Pela Providência Divina, após um certo tempo, um padre de Alexandria, disfarçado como mercador, chegou a Heliópolis, e posteriormente veio a batizar Bárbara. Enquanto isso, um luxuoso quarto de banho estava sendo construído na casa de Dióscoro. Segundo suas ordens, os operários deveriam construir duas janelas na parede sul; mas Bárbara, aproveitando-se da ausência de seu pai, pediu-lhes para que fosse feita uma terceira janela, representando a Trindade. Sobre a entrada do quarto de banho Bárbara esculpiu em pedra uma cruz – segundo o hagiógrafo Simeão Metafrastes, certo tempo após a fonte que originalmente abastecia o quarto de banho ter secado, ela voltou a jorrar água com poderes curativos. Quando Dióscoro retornou, expressando insatisfação com as mudanças em sua obra, sua filha lhe contou sobre seu conhecimento do Deus Triúno, sobre a salvação pelo Filho de Deus e da futilidade de adorar falsos ídolos. Dióscoro imediatamente foi tomado pela fúria, tomando uma espada para matá-la; a jovem fugiu de seu pai, que partiu em sua perseguição; quando Santa Bárbara chegou a uma colina, nele se abriu uma caverna para escondê-la em seu interior. Após uma busca longa e sem resultados por sua filha, Dióscoro viu dois pastores em uma colina. Um deles lhe mostrou a caverna onde a Santa havia se escondido – quando a encontrou, Dióscoro lhe deu uma surra terrível, para depois mantê-la em cativeiro, em um jejum forçado. Vendo que não conseguia vencer a fé de Santa Bárbara, ele a levou para Marciano, o governador da cidade. Juntos, eles voltaram a surrá-la e chicoteá-la, salgando suas feridas. À noite, a Santa Donzela rezou com fé ao Senhor, e Ele lhe apareceu em pessoa, curando seus ferimentos. Ela, então, sofreu tormentos mais cruéis ainda. Entre a multidão que se encontrava próximo ao local da tortura, havia uma cristã moradora de Heliópolis, de nome Juliana, e seu coração havia se enchido de compaixão pelo martírio voluntário da bela e ilustre donzela. Também desejando se sacrificar por Cristo e sua fé, e começou a denunciar os torturadores em voz alta, sendo presa logo em seguida. Ambas a Santas Mártires foram torturadas por muito tempo; após serem flageladas, foram levadas pelas ruas da cidade, em meio à zombaria e escárnio da multidão. Após a humilhação, as fiéis seguidoras de Cristo, Santas Bárbara e Juliana foram decapitadas. O próprio Dióscoro executou Santa Bárbara. A fúria de Deus não tardou a punir seus torturadores e executores: logo em seguida, Dióscoro e Marciano foram fulminados por raios e relâmpago. No século VI, as relíquias da Santa Mártir Bárbara foram transladados para Constantinopla. No século XII, a filha do Imperador Bizantino Aleixo Comenes, a princesa Bárbara, após contrair matrimônio com o príncipe russo Miguel Izyaslavich as transladou para Kiev, capital da atual Ucrânia. Hoje suas santas relíquias descansam na Catedral de São Valdomiro em Kiev. -------------------------------------------------------------------------------- Fonte: www.oca.org Tradução : Ricardo Williams G. Santos