BLOG DO PROFº ROBERTO CATARINO

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quinta-feira, 27 de junho de 2013

QUEM FOI CONSTANTINO?



QUEM FOI CONSTANTINO?

 
Flavius Valerius Aurelius Constantinus (272-337), conhecido como Constantino I ou Constantino o Grande, foi imperador do Império Romano do ano 306 a 337. Na História, passou como o primeiro imperador cristão
.

Era filho de um oficial grego, Constâncio Cloro, que no ano 305 foi nomeado Augusto, em vez de Galério, e de uma mulher que tornou-se santa, Helena. Ao morrer Constâncio Cloro em 306, Constantino é aclamado imperador pelas tropas locais, em meio a uma difícil situação política, agravada pelas tensões com o antigo imperador Maximiano e seu filho Magêncio. Constantino derrotou primeiro Maximiano em 310 e logo depois Magêncio, na batalha de Ponte Mívio, em 28 de outubro de 312. Uma tradição afirma que Constantino antes dessa batalha teve uma visão. Olhando o sol, que era venerado pelos pagãos, viu uma cruz e ordenou a seus soldados que pusessem nos escudos o monograma de Cristo (as duas primeiras letras do nome grego sobrepostas). Embora continuasse praticando ritos pagãos, desde essa vitória mostrou-se favorável aos cristãos. Sendo Licínio o Imperador no oriente, promulgou o chamado “edito de Milão” (ver pergunta seguinte) favorecendo a liberdade de culto. Mais tarde os dois imperadores se enfrentaram e no ano 324 Constantino derrotou Licínio e se converteu no único Augusto do império


Constantino levou a cabo numerosas reformas de tipo administrativo, militar e econômico, porém destacou-se mais nas disposições político-religiosas, sobretudo nas que encaminhariam a cristianização do império. Promoveu estruturas adequadas para conservar a unidade da Igreja, preservar a unidade do estado e legitimar sua configuração monárquica, sem excluir outras motivações religiosas de tipo pessoal. Ao lado dessas disposições administrativas eclesiásticas, tomou medidas contra heresias e cismas. Para defender a unidade da Igreja, lutou contra o cisma causado pelos donatistas no norte da África e convocou o Concílio de Nicéia (ver pergunta: O que aconteceu no Concílio de Nicéia?) para resolver a controvérsia trinitária originada por Ário. Em 330 mudou a capital do império de Roma para Bizâncio, que chamou Constantinopla, o que supôs uma ruptura com a tradição, apesar de querer enfatizar o aspecto de capital cristã. Como então ocorria com freqüência, somente foi batizado pouco antes de morrer. Quem o batizou foi Eusébio de Nicomédia, bispo de tendência ariana.

Entre as falhas de seu mandato — comuns no tempo em que viveu — não se podem negar, por exemplo, as referentes ao seu caráter caprichoso e violento; nem se pode negar também que tenha dado liberdade à Igreja e favorecido a sua unidade. Mas não é historicamente certo que, para consegui-lo, Constantino determinasse entre outras coisas o número de livros que devia ter a Bíblia. Nesse extenso processo que terminou muito mais tarde, os quatro evangelhos eram desde há muito tempo os únicos que a Igreja reconhecia como verdadeiros. Os outros “evangelhos” não foram suprimidos por Constantino, pois já tinham sido proscritos como heréticos dezenas de anos antes.

 
No ano de 312, os soldados romanos passaram a usar nos escudos o monograma cristão. O fato teria motivado por uma visão sobrenatural que seu líder, Constantino 1º, experimentou. Ele passou para a história como o primeiro imperador romano cristão.
 
 
Constantino era filho de mãe de fala grega e pai de falo grego. Constâncio Cloro era um dos muitos militares gregos a serviço do Império Romano. Constantino foi criado na Ásia Menor, solo grego, e, segundo Gibbon, desprezava Roma. O desprezo dos gregos (indo-europeus) pelos bárbaros latinos é algo notório, ainda que alguns cristãos fossem latinos. Tanto que a rixa entre ambas as igrejas permanece até hoje. Mas esse é outro assunto.
Somente a origem grega do cristianismo e conversações avançadas no mundo helênico poderia assegurar a Constantino a confiança demonstrada. A cultura helênica havia se implantado decisivamente em todo mundo antigo, muito antes do domínio romano, do qual Roma toda faceira já fazia parte. Somente o talento e a experiência acumulada pelos gregos poderiam conceber e precipitar uma religião sincrética cuja maleabilidade abarcasse o todo, e, inclusive, mantivesse os indomados judeus sob seu controle, ao inocular o judaísmo num contexto cultural mundial. Deve ter sido uma oferta tentadora.
 
É interessante observar que a convicção pagã de Constantino seguia tranquila, a despeito da sua amizade com o cristão Lúcio Cecílio Firmiano Lactâncio (260-320), que veio tornar-se conselheiro do imperador, e que, desde Diocleciano (284-305), contestava o politeísmo greco-romano com o objetivo minar os fundamentos místicos que legitimavam o sistema político da Tetrarquia ou do poder dividido por quatro: Diocleciano (Augusto), Maxminiano (Augusto), Galério (César) e Constâncio Cloro (César).
 
Percebe-se a evidência de que gestões calculadoras eram feitas pelos cristãos na corte, bem antes de Constantino chegar ao poder. Ninguém que estuda o assunto ignora que o cristianismo almejava tornar-se a única religião de um governo mundial a semelhança do não alcançado ideal universal helenístico. Convenhamos que a ideia de que esta crença chegou ao poder de modo acidental, é no mínimo infantil. Portanto, a discussão que faz de Constantino herói ou bandido não procede. Parece que a sua função é afastar a atenção geral daí, dos bastidores dessa negociação ainda oculta. 
 

Referências

DANIÉLOU, Jean; MARROU, Henri. Nova história da Igreja: dos primórdios a São Gregório Magno. Petrópolis: Vozes, 1966.



DE LA TOREE FERNÁNDEZ, J. e GARCÍA Y GARCÍA, A. “Constantino I, el Grande” in Gran Enciclopedia Rialp vol. VI ( 2ª ed.), Rialp, Madrid, pp. 309-312.


FORLIN PATRUCO, M. “Constantino I” in Diccionario Patrístico y de la Antigüedad Cristiana (ed. Por A. di Berardino), Sígueme, Salamanca 1991, pp. 475-477.


ADOLFI, A. Costantino tra paganesimo e cristianesimo, Laterza, Bari, 1976.

 

 

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