BLOG DO PROFº ROBERTO CATARINO

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domingo, 14 de outubro de 2012

O NOME DA ROSA

O Nome da Rosa Por Roberto Catarino da Silva Introdução : "O Nome da Rosa" é um romance cuja trama se desenrola em um mosteiro italiano na última semana de novembro de 1327. Ali, em meio a intensos debates religiosos, o frade franciscano inglês Guilherme de Baskerville e seu jovem auxiliar, Adso, envolvem-se na investigação das insólitas mortes de sete monges, em sete dias e sete noites. Os crimes se irradiam a partir da biblioteca do mosteiro: "o nome da rosa" era uma expressão usada na Idade Média para denotar o infinito poder das palavras. Resenha A Baixa Idade Média (século XI ao XV) é marcada pela desintegração do feudalismo e formação do capitalismo na Europa Ocidental. Ocorrem assim, nesse período, transformações na esfera econômica (crescimento do comércio monetário), social (projeção da burguesia e sua aliança com o rei), política (formação das monarquias nacionais representadas pelos reis absolutistas) e até religiosas, que culminarão com o cisma do ocidente, através do protestantismo iniciado por Martinho Lutero na Alemanha em 1517. Culturalmente, destaca-se o movimento renascentista que surgiu em Florença no século XIV e se propagou pela Itália e Europa, entre os séculos XV e XVI. O renascimento, enquanto movimento cultural, resgatou da antigüidade greco-romana os valores antropocêntricos e racionais, que adaptados ao período, entraram em choque com o teocentrismo e dogmatismo medievais sustentados pela Igreja. No filme, o monge franciscano representa o intelectual renascentista, que com uma postura humanista e racional, consegue desvendar a verdade por trás dos crimes cometidos no mosteiro. 1. Contextualização Discussão dos elementos formadores da cultura moderna, o surgimento do pensamento moderno, no período da transição da Idade Média para a Modernidade. O Filme O Nome da Rosa pode ser interpretado como tendo um caráter filosófico, quase metafísico, já que nele também se busca a verdade, a explicação, a solução do mistério, a partir de um novo método de investigação. E Guilherme de Bascerville, o frade fransciscano detetive, é também o filósofo, que investiga, examina, interroga, duvida, questiona e, por fim, com seu método empírico e analítico, desvenda o mistério, ainda que para isso seja pago um alto preço. O Livro O nome da rosa é um livro escrito numa linguagem da época, cheio de citações teológicas, muitas delas referidas em latim. É também uma crítica do poder e do esvaziamento dos valores pela demagogia, violências sexuais, os conflitos no seio dos movimentos heréticos, a luta contra a mistificação e o poder. Uma parábola sangrenta patética da história da humanidade O Tempo Trata-se do ano 1327, ou seja, a Alta Idade Média. Lá se retoma o pensamento de Santo Agostinho (354-430), um dos últimos filósofos antigos e o primeiro dos medievais, que fará a mediação da filosofia grega e do pensamento do início do cristianismo com a cultura ocidental que dará origem à filosofia medieval, a partir da interpretação de Platão e o neoplatonismo do cristianismo. As teses de Agostinho nos ajudarão a entender o que se passa na biblioteca secreta do mosteiro em que se situa o filme. Doutrina Cristã Neste tratado, Santo Agostinho estabelece precisamente que os cristãos podem e devem tomar da filosofia grega pagã tudo aquilo que for importante e útil para o desenvolvimento da doutrina cristã, desde que seja compatível com a fé. Isto vai constituir o critério para a relação entre o cristianismo (teologia e doutrina cristã) e a filosofia e a ciência dos antigos. Por isso é que a biblioteca tem que ser secreta, porque ela inclui obras que não estão devidamente interpretadas no contexto do cristianismo medieval. O acesso à biblioteca é restrito, porque há ali um saber que é ainda estritamente pagão (especialmente os textos de Aristóteles), e que pode ameaçar a doutrina cristã. Como diz ao final Jorge de Burgos, o velho bibliotecário, acerca do texto de Aristóteles – a comédia pode fazer com que as pessoas percam o temor a Deus e, portanto, faz desmoronar todo esse mundo. 2. Disputa de Filosofia Entre os séculos XII e XIII temos o surgimento da escolástica, que constitui o contexto filosófico-teológico das disputas que se dão na abadia em que se situa O Nome da Rosa. A escolástica significa literalmente "o saber da escola", ou seja, um saber que se estrutura em torno de teses básicas e de um método básico que é compartilhado pelos principais pensadores da época. 2.1 Influência aos Pensamentos A influência desse saber corresponde ao pensamento de Aristóteles, trazido pelos árabes (mulçumanos), que traduziram muitas de suas obras para o latim. Essas obras continham saberes filosóficos e científicos da Antigüidade que despertariam imediatamente interesses pelas inovações científicas decorrentes. 2.2 Consolidação Política A consolidação política e econômica do mundo europeu fazia com que houvesse uma maior necessidade de desenvolvimento científico e tecnológico: na arquitetura e construção civil, com o crescimento das cidades e fortificações; nas técnicas empregadas nas manufaturas e atividades artesanais, que começam a se desenvolver; e na medicina e ciências correlatas. 2.3 Pensamento Aristotélico O saber técnico-científico do mundo europeu era nesta época extremamente restrito e a contribuição dos árabes será fundamental para este desenvolvimento pelos conhecimentos de que dispunham de matemática, de ciências (física, química, astronomia, medicina) e de filosofia. O pensamento agora (Aristotélico) será marcado pelo empirismo e materialismo. 3. A Época O enredo do filme desenvolve-se na ultima semana de 1327, num monastério da Itália medieval. A morte de sete monges em sete dias e noites, cada um de maneira mais insólita - um deles, num barril de sangue de porco, é o motor responsável pelo desenvolvimento da ação. A obra é atribuída a um suposto monge, que na juventude teria presenciado os acontecimentos. Este filme é uma crônica da vida religiosa no século XIV, e relato surpreendente de movimentos heréticos. Para muitos críticos, o nome da rosa é uma parábola sobre a Itália contemporânea. Para outros, é um exercício monumental sobre a mistificação. 4. O Título A expressão "O nome da Rosa" foi usada na Idade Média significando o infinito poder das palavras. A rosa subsiste seu nome, apenas; mesmo que não esteja presente e nem sequer exista. A " rosa de então" , centro real desse romance, é a antiga biblioteca de um convento beneditino, na qual estavam guardados, em grande número, códigos preciosos: parte importante da sabedoria grega e latina que os monges conservaram através dos séculos. 5. Biblioteca do Mosteiro Durante a Idade Média umas das práticas mais comuns nas bibliotecas dos mosteiros eram apagar obras antigas escritas em pergaminhos e sobre elas escreve ou copiar novos textos. Eram os chamados palimpsestos, livretes em que textos científicos e filosóficos ma Antigüidade clássica eram raspados das páginas e substituídos por orações rituais litúrgicos. O nome da rosa é um livro escrito numa linguagem da época, cheio de citações teológicas, muitas delas referidas em latim. É também uma crítica do poder e do esvaziamento dos valores pela demagogia, violências sexuais, os conflitos no seio dos movimentos heréticos, a luta contra a mistificação e o poder. Uma parábola sangrenta patética da história da humanidade 5.1 - Pensamento O pensamento dominante, que queria continuar dominante, impedia que o conhecimento fosse acessível a quem quer que seja, salvo os escolhidos. No O nome da Rosa, a biblioteca era um labirinto e quem conseguia chegar no final era morto. Só alguns tinham acesso. É uma alegoria do Umberto Eco, que tem a ver com o pensamento dominante da Idade Média, dominado pela igreja. A informação restrita a alguns poucos representava dominação e poder. Era a idade das trevas, em que se deixava na ignorância todos os outros. 6. História Em 1327 William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço que o acompanha, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante intrincando, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do Demônio. William de Baskerville não partilha desta opinião, mas antes que ele conclua as investigações Bernardo Gui (F. Murray Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no local e está pronto para torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido assassinatos em nome do Diabo. Considerando que ele não gosta de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são diabolicamente influenciados. Esta batalha, junto com uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente solucionado. O ano é 1327. Representantes da Ordem Franciscana e a Delegação Papal se reúnem num monastério Beneditino para uma conferência. Mas a missão deles é subitamente ofuscada por uma série de assassinatos. Utilizando sua brilhante capacidade de dedução, o monge franciscano William de Baskerville (Sean Connery), auxiliado pelo seu noviço Adso de Melk (Christian Slater), se empenha para desvendar o mistério. Mas antes que William possa completar sua investigação, o monastério é visitado pelo seu antigo desafeto, o Inquisidor Bernardo Gui (F. Murray Abraham). O poderoso Inquisidor está determinado a erradicar a heresia através da tortura e se William, o caçador, persistir na sua busca, também se tornará caça. Mas à medida que Bernardo Gui se prepara para acender a fogueira da Inquisição, William e Adso voltam à biblioteca labirintesca e descobrem uma verdade extraordinária ... Conclusão Do ponto de vista do filme e do Livro que hoje está sendo abordado, concluímos que a história passa em um mosteiro na Itália Medieval. A idade média assistiu, em sua agonia um grande debate Filosófico Religioso. Perdido o equilíbrio do tomismo, o homem medieval caiu em dois extremos opostos. De um lado os humanistas racionalistas Frei Guilherme de Ockham, um édito moderno. Tais humanistas cultivaram o antropocentismo julgaram que graças Pa ciências e a técnica, o homem seria capaz de vencer todas as misérias do mundo, até criar uma era de grande prosperidade material e de completa felicidade natural. De outro lado místicos com visão extremamente pessimista da realidade. Para eles o mundo era intrinsecamente mau e irredimível por ser obra de um DEUS perverso, distinto da divindade. Acreditavam que a razão humana era má e só seria desejável perder-se no nada divino. No mosteiro, sete monges morrem estranhamente, isto aborda muito a violência. Há também uma violência sexual, no qual mulheres se vendem aos monges em troca de comida e muitas vezes depois são mortas. Movimentos ecléticos do século XIV, a luta contra a mistificação, o poder, o esvaziamento de valores pela demagogia, são mostrados em um cenário sangrento sobre a política da historia da humanidade. BiblIiografia : Filme: O Nome da Rosa , Globo Filmes ECCO,Humberto , "O Nome da Rosa", traduzido por BERNARDINI, AURORA FORNONI , Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira,1980 Respostas das questões : 1- O homem renascentista defende a valorização humana, assumindo o homem uma forma de pensamento conhecido por antropocentrismo, através do qual se coloca no centro do universo enquanto ser dotado de inteligência e símbolo da perfeição, um pensamento racionalista, humanista e individualista, é basicamente a procura e reflexão de uma nova maneira de ver e estudar o mundo. Abandona assim a visão teocêntrica. Os intelectuais italianos rejeitaram a estagnação da cultura medieval e apostaram na criação de universidades, bibliotecas e academias, que influenciavam, na época, o pensamento da Europa Ocidental. 2- No contexto da Idade Média o medo do diabólico era o medo de ir para o inferno. Com a evolução social pela qual passamos, o nosso medo passou a ser o medo de perder a liberdade como por exemplo a censura de imprensa. No mundo de hoje o que mais valorizamos é a liberdade de expressão, civil, religiosa etc. com a censura destas, sentiríamos muito essa perda. 3- Escolástica é geralmente dividido em três períodos: escolástica medieval, que se estenderá de Boethius (século 5-6) para o 16 º século, com a sua Idade de Ouro no 13 º século; "segunda escolástica", no início do 16o século com Thomas de Vio Caetano, Conrad Koellin, Peter Crokert, Francesco de Vittoria, e Francisco Suarez; e neoscholasticism, começando no início dos século 19, impulsionadas pela encíclica Aeterni Patris (1879) de Pope Leo XIII, e continuar pelo menos até que o Concílio Vaticano II (1962 -65).As escolas de hoje não são destinadas para pessoas com seu tempo livre. A realidade atual da educação brasileira é bastante complexa, com inúmeros desafios e problemas que se inter-relacionam com o panorama político, econômico e social do país. Este quadro tem sua origem em um processo que não é novo e que não pode ser dissociado de um contexto amplo, histórico. 4- A grande batalha entre ciência e religião, parece não ter fim. Não que religiosos sejam inimigos de cientistas, mas sim o ramo do saber em si. O conhecimento científico e o conhecimento teológico muitas vezes não concordam, ou pelo menos não parecem encontrar um padrão para harmonização da relação entre eles. Por um lado o conhecimento científico, que parte da lógica, requer meios para comprovação de suas teorias. Para isto é necessário certo ceticismo e sempre duvidar, pois é a dúvida que move o desenvolvimento científico. Por outro lado o conhecimento teológico parte da certeza, ou seja, todo o conhecimento parte de uma revelação que é verdade absoluta, ou seja, o que foi revelado pela divindade ou pelo profeta é uma verdade incontestável; cabe então ao religiosos harmonizar o conhecimento científico ao que foi foi revelado pela divindade ou profeta. 5- Não ! Porque o conhecimento científico contribui para o desenvolvimento de vários ramos do saber:

O LUGAR DOS GREGOS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

LUGAR DOS GREGOS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Resenha: Autor Professor Roberto Catarino Jaeger expõe em seu artigo que, entre os seres vivos, somente o homem consegue conservar e propagar a sua forma de existência social e espiritual por meio das forças pelas quais a criou, por meio da vontade consciente e da razão. Assim, nestas primeiras linhas, já se evidencia, na narrativa do autor, que existe um binômio que se estabelece em relação ao Homem: a natureza física e o espírito humano. Vale esclarecer que a natureza física pode até ser mudada através de uma educação consciente, enquanto o espírito humano, através do conhecimento, produz formas melhores de existência humana. Para o autor, a Educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual, e, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valores que regem a vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pela transformação dos valores válidos para cada sociedade. Ensina-nos o escritor, depois de algumas informações que compõem a narrativa, que por mais elevadas que julguemos as realizações artísticas, religiosas e políticas dos povos anteriores, a história daquilo que podemos, com plena consciência, chamar de cultura só começa com os Gregos. Para o autor, não é possível descrever em poucas palavras a posição revolucionadora e solitária da Grécia na história da educação humana, por não se tratar de um conjunto de ideias abstratas, mas da própria história da Grécia na realidade concreta do seu destino vital. A ideia de educação representava para o sentido de todo o esforço humano. Era a justificação última da comunidade e individualidade humanas. Contudo, mesmo que não tenhamos ganhado grande coisa em afirmar que os Gregos foram os criadores da ideia de cultura, num tempo cansado de cultura e em que se pode considerar como sobrecarga essa paternidade. Mas o que hoje denominamos cultura não passa de um produto deteriorado, derradeira metamorfose do conceito grego originário. A importância dos gregos como educadores deriva de sua nova concepção do lugar do indivíduo na sociedade. E, com efeito, se contemplarmos o povo grego sobre o fundo histórico do antigo Oriente, a diferença é tão profunda que os gregos parecem fundir-se numa unidade com o mundo europeu dos tempos modernos. E isto chega ao ponto de podermos sem dificuldade interpretá-los na linha da liberdade do individualismo moderno. Efetivamente, não pode haver contraste mais agudo que o existente entre a consciência individual do homem de hoje e o estilo de vida do Oriente pré-helênico, tal como ele se manifesta na sombria majestade das Pirâmides, nos túmulos dos reis e na monumentalidade das construções orientais. Em contraste com a exaltação oriental dos homens-deuses, solitários, acima de toda a medida natural, em que se expressa uma concepção metafísica que nos é totalmente estranha, em contraste com a sua significação religiosa, o início da história grega surge como princípio de uma valoração nova do Homem, a qual não se afasta muito das ideias difundidas de autonomia espiritual que desde o Renascimento se reclamou para cada indivíduo. E teria sido possível a aspiração do indivíduo ao valor máximo que os tempos modernos lhe reconhecem, sem o sentimento grego da dignidade humana? O estilo e a visão artística dos Gregos surgem, em primeiro lugar, como talento estético. Assentam num instinto e num simples ato de visão, não na deliberada transferência de uma ideia para o reino da criação artística. A idealização da arte só mais tarde aparece, no período clássico. É claro que não basta insistir nesta disposição natural e na inconsciência desta intuição para explicar a razão por que aparecem os mesmos fenômenos na literatura, cujas criações não dependem já da visão dos olhos, mas da interação do sentido da linguagem e das emoções da alma. O povo grego é o povo filosófico por excelência. A “teoria” da filosofia grega está intimamente ligada à sua arte e à sua poesia. Não contém só o elemento racional em que se pensamos em primeiro lugar, mas também, como o indica a etimologia da palavra, um elemento intuitivo que apreende o objeto como um todo na sua ideia, isto é, como uma forma vista. Para os gregos, ter consciência dos princípios naturais da vida do homem e de suas leis que comandam as forças do corpo e do espírito é de suma importância no que se refere à educação. Utilizando tal consciência a serviço da educação e da formação de verdadeiros homens. Para eles, a educação deve ser um processo de construção consciente. É a educação que forma o homem em um sentido integral, tendo o homem como o centro. A visão antropocêntrica que penetra a totalidade do espírito grego. O grego descobre o Homem entendendo as leis gerais responsáveis pela essência humana. A percepção grega, segundo o autor, não é a do individualismo e sim a do humanismo. “A educação humana de acordo com a verdadeira forma humana”: a Paidéia grega original. Advindo da ideia, do homem como ideia. Essa educação é aspirada pelos educadores gregos, pelos poetas, artistas e filósofos. É o princípio da educação pela modelagem dos indivíduos pela norma da comunidade. O homem universal. O ideal de Homem para a formação do indivíduo, então, está ligado a um espaço e aum tempo. É o ideal de um homem histórico e social. Segundo o autor, não se pode considerar os gregos como ídolos intemporais. A sua forma e energia educadora refletida em nós são, na verdade, forças atuantes na vida histórica, assim como no tempo deles. A história da literatura grega está intimamente ligada à comunidade social. A formação individual só existiu na época helenística, da qual deriva, em linha reta, a pedagogia moderna. E os verdadeiros representantes de tal Paidéia são, de acordo com o autor, os poetas, os músicos, os filósofos, os retóricos e os oradores, como homens de Estado que são. A história da educação grega confunde-se com a da literatura, que é a expressão do processo de autoformação do homem grego. O autor aponta que o processo educativo sempre foi vinculado ao estudo da Antiguidade. Mas o nascimento da moderna história da Antiguidade mudou a nossa atitude relacionada a esta, tentando conhecer o que e como realmente foi, considerando, assim, os clássicos apenas como parte da História e deixando de lado a sua influência direta sobre o mundo atual. Contudo, para o autor, o influxo da cultura clássica permanece e somos levados a compreender o que ele chama de “o fenômeno imperecível da educação antiga”. Bibliografia: JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do povo grego. São Paulo : Martins Fontes. 2001.

domingo, 22 de abril de 2012

O ELEITO DE DEUS - Oliver Cromwell e a Revolução Inglesa, cap.I,VIII,X Hill,Christopher




RESENHA CRÍTICA
Roberto Catarino da Silva
Hill (1988) em sua narrativa dos fatos históricos que contemplam a vida de Oliver Cromwell relata que ele viveu de 1599 a 1658. A título de entendimento o autor diz que durante os primeiros quarenta anos de sua existência ele vivenciou diversas situações, as quais só vieram se assentar nas décadas revolucionárias de 1640-1660. Em sua pesquisa Hill (1988) faz uma descrição dos fatos tentando de forma cronológica, orientar os acontecimentos que marcaram a trajetória de Oliver Cromwell.
Então, como primeiro fato, vale dizer que quando Oliver nasceu, o reinado de Isabel chegava ao fim. Segundo o escritor, as grandes realizações desse reinado situavam-se no passado. O protestantismo fora restabelecido, evitaram-se as guerras de religião, a nobreza fora desarmada, e já não havia mais qualquer perigo de revolta feudal.
Para tanto, o historiador ratifica as décadas decisivas de 1640 a 1660, pois foi neste período do tempo, que se vivenciou a figura preponderante de Cromwell. Então, é próprio fazer eco com os estudiosos deste indivíduo, pois é um consenso literário que qualquer investigação sobre sua pessoa, por conseqüência, não será apenas a biografia de um grande homem, pois os valores de sua existência sempre compartilharam com o paradoxo do julgamento popular.
Segundo Hill (1988) quando Oliver nasceu os dias generosos da Boa Rainha Bess – talvez já pertencessem ao passado. À medida, porém, que ele crescia, vingou com ele a lenda de uma idade de ouro isabelina, durante a qual o Parlamento e a Coroa agiam em harmonia, a Igreja era resolutamente protestante, os bispos se subordinavam ao poder secular e os lobos do mar protestantes voltavam carregados de outro e glória após derrotarem seus adversários.
Hill (1988) apregoa que tal lenda, posta em circulação por cortesãos idosos como sir Fulke Greville e sir Robert Naunton e claramente formulada na última peça de Shakespeare, Henry VIII, devia muito mais à crítica em reação ao que estava acontecendo (ou deixando de acontecer) sob os Stuart do que a algo que realmente existira no reinado de Isabel.

Hill (1988) relembra que o século XVI presenciara o surgimento da América e das novas rotas de comércio em direção ao Extremo Oriente, um súbito crescimento populacional em toda a Europa e uma inflação monetária que também se estendia por todo o continente europeu.
Diante destes fatos, para o cronista, o século XVII é decisivo na história da Inglaterra. É a época em que a Idade Média chega ao fim. A Europa estava envolvida em diversas revoltas, insurreições civis com conflitos armados.
Para um melhor entendimento dos leitores, o pesquisador descreve os acontecimentos, o qual se apresenta ipsis litteris:
Durante esse período, a Alemanha e a Itália não conseguiram consolidar estados nacionais baseados num único mercado nacional, e ficaram para trás na corrida. Na França, após uma série de convulsões na primeira metade do século, a unidade nacional foi assegurada sob a monarquia, com a aquiescência das classes comerciais, que aceitaram uma posição de reconhecimento, apesar de subordinada, na estrutura de poder do país. Na Inglaterra ocorreu uma ruptura decisiva no século XVII, a qual assegurou que, daí por diante, os governos haveriam de conferir grande peso a considerações de natureza comercial. (HILL,1988, p. ???)

É pertinente declarar que poucos políticos se mostraram tão inocentes no que concerne a teoria política quanto Cromwell. Oliver não era republicano nem tampouco se ligava a “ismos” específicos no que dizia respeito à política. Também, não era conhecido como membro de qualquer seita religiosa. É fato que nenhuma congregação dissidente, nos dias de hoje, o reclama como um de seus primeiros membros. Isso não era inconveniente do ponto de vista político.
Para o historiógrafo um ponto importante a ser divulgado é a crença de que Oliver conformava seus atos à vontade de Deus. A religião não era aquilo que se lutava inicialmente, enfatizou Oliver com muita acuidade, mas “Deus, finalmente, a colocou em questão”.
Hill (1988) nos diz que Cromwell afastava-se teologicamente dos radicais na distinção que estabelecia entre “o povo” e “o povo de Deus”... Após a dissolução do Parlamento de Barebone, Oliver já não se via mais como Moisés conduzindo o povo de Deus à terra prometida.
Vale ressaltar também, que o Calvinismo contribuiu com a ideologia de Cromwell e dos revolucionários ingleses. Para que se entenda, a força do calvinismo revolucionário apoiava-se na ênfase do homem piedoso, na solidariedade contra os inimigos mundanos, daqueles que se reconheciam uns aos outros como santos.
A propósito de sua trajetória, não se pode deixar de lado algumas participações, tais como a ocorrida em 1645 quando marcha sobre Londres para persuadir Carlos I a aceitar um governo regido pela Constituição. Não houve acordo e uma guerra civil eclode, resultando com a execução do rei em 1649. Diante desse fato, a Inglaterra torna-se uma república e Cromwell, presidente do Conselho de Estado, braço executivo do Parlamento.
Um outro episódio marcante ocorreu em 1653, quando um golpe de Estado dissolveu o Parlamento e concentrou os poderes nas mãos de Cromwell, que recebeu o título de Lord Protector. E, na política externa, obtém vitórias militares que reforçam o poderio inglês. Internamente, adota medidas de abertura do comércio e fortalece o puritanismo1, mas atua com tolerância religiosa, exemplificada pela readmissão dos judeus no Reino Unido.
Morre em Londres e é enterrado na Abadia de Westminster. É sucedido pelo filho Richard, que governa até 1659. Depois da restauração da monarquia, em 1660, seus restos são transferidos para Tyburn, onde eram executados os criminosos.
Hill (1988) nos diz que os historiadores propiciaram-nos muitos Cromwells, criados, se não a partir da imagem que dele faziam, pelo menos como veículos de seus próprios preconceitos. Porém, para os historiadores mais respeitáveis, Cromwell era visto como uma figura muito negativa. A melhor biografia de Cromwell ainda é aquela escrita por sir Charles Firth, publicada pela primeira vez em 1900. Ela segue inteiramente a tradição de Gardiner e pouco faz para relacionar Cromwell com os problemas sociais e econômicos de sua época; dentro de suas limitações é, porém, da melhor categoria.
E a guisa de conclusão manifesta o seu apreço ao aduzir
Na memória popular, tão propensa a corporificar causas em indivíduos, Oliver Cromwell acabou personificando a revolução inglesa, sobretudo em seus aspectos mais destrutivos e violentos. Cromwell, o demolidor de castelos e solares, o profanador de igrejas, ocupa um lugar no folclore, cuja inexatidão não o torna menos interessante para o historiador.
A história tem personificado mitos e heróis, os quais não nos compete, exemplifica-los. O que nos cabe como acadêmico é relatar os fatos e reviver o passado no momento presente. A pesquisa de Hill nos interessa, não só por sua narrativa biográfica de Oliver Cromwell, que por sinal foi muito instigante, mas por nos incentivar a conhecer os personagens que justificam o nosso interesse pelo conhecimento ao qual nos propomos: O Curso de História.










O puritanismo designa uma concepção da fé cristã desenvolvida na Inglaterra por uma comunidade de protestantes radicais depois da Reforma. Segundo o pensador francês Alexis de Tocqueville, em seu livro A Democracia na América, trata-se tanto de uma teoria política como de uma doutrina política.




BIBLIOGRAFIA:

HILL, Christopher. Oliver Cromwell e a Revolução inglesa In: O Eleito de Deus. São Paulo: Companhia das Letras. 1988, Cap. I,VIII,X

HISTORIA DE SÃO JORGE


Em torno do século III D.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge de Anicii. Filho de pais cristãos, converteu-se a Cristo ainda na infância, quando passou a temer a Deus e a crer em Jesus como seu único e suficiente salvador pessoal. Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe, após a morte de seu pai. Tendo ingressado para o serviço militar, distinguiu-se por sua inteligência, coragem, capacidade organizativa, força física e porte nobre. Foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade.

Tantas qualidades chamaram a atenção do próprio Imperador, que decidiu lhe conferir o título de Conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções. Nessa mesma época, o Imperador Diocleciano traçou planos para exterminar os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses. Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande coragem sua fé em Jesus Cristo como Senhor e salvador dos homens.

Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nEle confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade." Como Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o Imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Porém, este santo homem de DEUS jamais abriu mão de suas convicções e de seu amor ao SENHOR Jesus. Todas as vezes em que foi interrogado, sempre declarou-se servo do DEUS Vivo, mantendo seu firme posicionamento de somente a Ele temer e adorar.

Em seu coração, Jorge de Capadócia discernia claramente o própósito de tudo o que lhe ocorria: “... vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isso vos acontecerá para que deis testemunho”. (Lucas 21.12:13 – Grifo nosso). A fé deste servo de DEUS era tamanha que muitas pessoas passaram a crer em Jesus e confessa-lo como SENHOR por intermédio da pregação do jovem soldado romano. Durante seu martírio, Jorge mostrou-se tão confiante em Cristo Jesus e na obra redentora da cruz, que a própria Imperatriz alcançou a Graça da salvação eterna, ao entregar sua vida ao SENHOR. Seu testemunho de fidelidade e amor a DEUS arrebatou uma geração de incrédulos e idólatras romanos.

Por fim, Diocleciano mandou degolar o jovem e fiel discípulo de Jesus, em 23 de abril de 303. Logo a devoção a “São” Jorge tornou-se popular. Celebrações e petições a imagens que o representavam se espalharam pelo Oriente e, depois das Cruzadas, tiveram grande entrada no Ocidente. Além disso, muitas lendas foram se somando a sua história, inclusive aquela que diz que ele enfrentou e amansou um dragão que atormentava uma cidade...

Em 494, a idolatria era tamanha que a Igreja Católica o canonizou, estabelecendo cultos e rituais a serem prestados em homenagem a sua memória. Assim, confirmou-se a adoração a Jorge, até hoje largamente difundida, inclusive em grandes centros urbanos, como a cidade do Rio de Janeiro, onde desde 2002 faz-se feriado municipal na data comemorativa de sua morte.

Jorge é cultuado através de imagens produzidas em esculturas, medalhas e cartazes, onde se vê um homem vestindo uma capa vermelha, montado sobre um cavalo branco, atacando um dragão com uma lança. E ironicamente, o que motivou o martírio deste homem foi justamente sua batalha contra a adoração a ídolos...

Apesar dos engano e da cegueria espiritual das gerações seguintes, o fato é que Jorge de Capadócia obteve um testemunho reto e santo, que causou impacto e ganhou muitas almas para o SENHOR. Por amor ao Evangelho, ele não se preocupou em preservar a sua própria vida; em seu íntimo, guardava a Palavra: “ ...Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” (Filipenses 1.20). Deste modo, cumpriu integralmente o propósito eterno para o qual havia nascido: manifestou o caráter do SENHOR e atraiu homens e mulheres para Cristo, estendendo a salvação a muitos perdidos.

Se você é devoto deste celebrado mártir da fé cristã, faça como ele e atribua toda honra, glória e louvor exclusivamente a Jesus Cristo, por quem Jorge de Capadócia viveu e morreu. Para além das lendas que envolvem seu nome, o grande dragão combatido por ele foi a idolatria que infelizmente hoje impera em torno de seu nome.
Fonte: extraída do IV volume do "Flos Sanctorum"

HISTÓRIA DE SANTO EXPEDITO


Santo Expedito foi martirizado na Armênia. Ele era militar, foi decapitado no dia 19 de abril de 303, sob o imperador Dioclesiano, que subira ao trono de Roma em 284.

Ele levava uma vida devassa; mas um dia, tocado pela graça de Deus, resolveu mudar de vida. Foi então que lhe apareceu o Espírito do mal, em forma de corvo, e lhe segredou "cras....! cras....! cras....!" palavra latina que quer dizer: amanhã...! amanhã...! amanhã...!, isto é deixe para amanhã! Não tenha pressa! Adie sua conversão!

Mas Santo Expedito, pisoteando o corvo, esmagou-o, gritando: HODIE! Quer dizer: HOJE! Nada de protelações! É pra já!


É por isto que o Santo Expedito é invocado nos casos que exige solução imediata, nos negócios em que qualquer demora poderia causar prejuízo.

No Brasil, sobretudo, Santo Expedito é invocado nos negócios e dificuldades da vida. Conhecido como "o santo das causas urgentes".

Santo Expedito não adia seu auxílio para amanhã.

Ele atende sua ajuda hoje mesmo, ou na hora em que precisamos de sua ajuda. Mas ele espera que também nós não deixemos para amanhã nossa conversão.

A tradição apresenta Santo Expedito como sendo o chefe da 12ª Legião Romana, cognominada "Fulminante": nome dado em memória de uma façanha que se tornou célebre. Essa legião localizava-se em Melitene, sede de uma das províncias romanas da Armênia. Era formanda em sua maioria por soldados cristãos, sendo sua função primordial defender as fronteiras orientais contra os ataques dos bárbaros asiáticos.

Santo Expedito destacou-se no comando dessa legião por suas virtudes de cristão e de chefe ligado a sua religião, a seu dever, à ordem e à disciplina.


Origem histórica:
Mártir de Metilene, é pouco conhecido dos historiadores, mas sua existência é certa.
Santo Expedito, segundo a tradição, era armênio, não se conhecendo o lugar de seu nascimento, mas parece provável que seja Metilene, localidade onde sofreu seu martírio.

A Armênia é uma região da Ásia Ocidental, situada ao Sul do Cálcaso, entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, nas margens dos Rios Tigre e Eufrates.

Essa região foi sempre considerada uma terra de predileção. Aliás, pelo testemunho da Sagrada Escritura, foi sobre as montanhas armênias do Ararat que a Arca de Noé pousou quando as águas do dilúvio baixaram (Gênesis, 8.5).

A Armênia foi uma das primeiras regiões a receber a pregação dos apóstolos Judas Tadeu, Simão e Batolomeu, mas também local de inúmeras perseguições aos cristãos. Essa região foi regada com o sangue de muitos mártires, entre eles Santo Expedito.

Sua cidade natal (com toda probabilidade) não passa hoje de uma pequena localidade chamada Melatia, cidade construída no século II pelo imperador romano Trajano.

A partir de Marco Antonio, tornou-se residência da 12ª Legião, conhecida como "Fulminante", cuja missão era defender o império romano dos bárbaros asiáticos. Hoje Metilene é uma cidade mística e simples, onde sua população vive em calma, longe das agitações políticas.

Além de Santo Expedito, que foi levado à morte a 19 de Abril de 303, sob o poder de Deocleciano, lá veneram-se outros Santos mártires, entre eles: São Polieucto, outro oficial do exército romano que foi martirizado no século III.

Deocleciano subiu ao trono de Roma em 284. Por seu ambiente e por seu caráter, parecia oferecer aos cristãos garantias de benevolência, pois havia em seu palácio a liberdade de religião, sendo, inclusive, sua esposa Prisca e sua filha Valéria, cristãs, ou ao menos, catecumenas.

Sob influências de Galero, seu genro, pagão convicto, determinou a perseguição dos cristãos, ordenando a destruição de igrejas e livros sagrados, a cessação das assembléias cristãs e a abjuração de todos os cristãos. Galero, sempre incitado por sua mãe, também pagã, queria abolir para sempre o Cristianismo e através de insinuações maldosas e hábeis calúnias, fez crer a Deocleciano, que o cristianismo conspirava de várias formas contra a augusta pessoa do imperador.

Deocleciano, então, empreendeu a exterminação sistemática dos cristãos, envolvendo, inclusive, os membros de sua própria família e os servidores de seu palácio. Foi uma hecatombe sangrenta: oficiais, magistrados, o bispo da Nicomédia (Antino), padres, diáconos, simples fiéis foram assassinados ou afogados em massa.
Somente em 324, com a retomada da autoridade do imperador cristão Constantino, foi que tiveram fim as terríveis perseguições que durante três séculos tinham ensanguentado a Igreja.

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O GUERREIRO

Voltando à história de Santo Expedito, a tradição refere-se que ele era chefe da 12ª Legião Romana, cognominada "Fulminante", estabelecida em Metilene, sede de uma das províncias romanas da Armênia. "Fulminante" lhe havia sido dado em memória de uma façanha que se tornou célebre.

Durante uma campanha da Germânia, na região dos Quades, no nordeste da Hungria atual, o imperador Marco Aurélio foi cercado pelos bárbaros, ficando sem água e provimentos. Marco Aurélio orou como lhe ensinava sua filosofia e fez com que fossem feitos encantamentos pelos mágicos, companheiros indispensáveis, à época, dos exércitos.

A 12ª Legião, recrutada no Distrito de Metilene, na Capadócia, formada em grande parte por soldados cristãos, reuniram seus soldados fora do campo, onde ajoelharam-se e oraram ao verdadeiro Deus.


Esses milhares de homens em oraçào e com os braços abertos formaram um espetáculo tão estranho que os inimigos pararam surpresos. Uma chuva abundante se pôs a cair, foi quando os soldados romanos saciaram sua sede e fizeram o inimigo recuar. Depois, caíram raios e granizos sob os bárbaros, com tal violência, que os mesmos debandaram em pânico. Como se vê, Santo Expedito estava à testa de uma das mais gloriosas legiões, composta, em grande parte, por soldados cristãos.

O SOLDADO CRISTÃO

Mas a história que documenta as façanhas desta legião, infelizmente, é bastante sóbria em detalhes da vida de seus chefes. Ela nada nos diz sobre Santo Expedito. Podemos supor que ele distinguiu seu comando pelas virtudes de cristão e de chefe ligados à sua religião, à seu dever, à ordem e à disciplina, dando, em todas as circunstâncias, o exemplo das mais belas virtudes.

O ardor bastante conhecido do generoso soldado Expedito e sua situação de chefe de legião, chamou a atenção de Deocleciano, quando as perseguições começaram em Metilene. Entre muitos que já haviam pago com a vida estavam: Maurício, outro chefe de legião, Marcelo, centurião romano e Sebastião, tribuno da guarda pretoriana, hoje conhecido como São Sebastião. Sendo assim, Expedito e seus companheiros de armas, cheios de admiração pelo capitão Sebastião, deveriam ter prometido imitar sua conduta, devendo crer, inclusive, que teriam que sofrer a mesma sorte, quando das perseguições cristãs, enfrentando a morte a ter que renunciar sua fé.



MARTÍRIO E MORTE

Nada se sabe sobre as circunstâncias que acompanharam os últimos instantes de Santo Expedito.

Podemos supor que ele também foi sacrificado por recursos do império. Sabe-se que era concedido ao cidadão romano o privilégio de somente perecer pela espada. São Paulo, por ser cidadão romano, foi beneficiado por essa lei e teve a cabeça cortada, já São Pedro, que era judeu, foi crucificado. Quando se tratava de um soldado do exército romano, antes da decapitação, ele deveria sofrer o suplício da flagelação.

Assim também ocorreu com Santo Expedito, depois de ser flagelado até derramar sangue, teve a cabeça decepada. Era o dia 13, das calendas de Maio, isto é, 19 de Abril de 303. Assim afirmam os martinólogos da época.

Outros cristãos pereceram com ele do mesmo modo, supondo-se serem seus companheiros de armas. São os mártires: Hermógenes, Caio, Aristônio, Rufo e Gálatas. Nada mais podemos adiantar sobre o martírio de Santo Expedito, pois a história silencia a esse respeito.

Pouco importa. A única conclusão é que Santo Expedito, chefe da 12ª Legião, era seguramente uma alma de fé muito grande, pois preferiu perder sua situação e até sua vida a renunciar à sua religião.

Não se sabe o que foi feito do corpo do heróico mártir. Piedosas mãos devem tê-lo sepultado em local hoje desconhecido.

Sua lembrança, ao contrário, ficou guardada na memória dos cristãos e os primeiros escritores eclesiásticos puderam escrever seu nome entre os que tinham derramado seu sangue pela fé.






O CULTO A SANTO EXPEDITO E SEUS SÍMBOLOS

Seu culto se estabeleceu em sua pátria, transpondo o Oriente e passou para a Alemanha meridional. De lá se espalhou pela Itália, sobretudo na Sicília, na Espanha e difundiu-se pela França e Bélgica. Em várias igrejas do mundo apresentam-se estátuas representando Santo Expedito, com traje legionário, vestindo uma túnica curta e um manto jogado militarmente atrás das espáduas, tendo postura marcial. Em uma mão segura uma palma e na outra uma cruz.

Sua atitude é de um homem pronto para a ação. É nesta postura, cheia de entusiasmo e generosidade, que os fiéis viram o defensor e patrono das "Causas Urgentes".

A piedade popular, sempre confiante, tem dessas invenções, que não se podem censurar. Dentre as porções de insígnias simbólicas que a Idade Média adotou à estátua, o Santo, ainda hoje, calca com seu pé um corvo que se consome a lançar seu grito habitual: "Crás" (palavra latina que siginifica "Amanhã"). Mas "Crás" denota a dilatação, o deixar para o dia seguinte ou mais tarde, tudo o que se deve cumprir imediatamente. Assim, Santo Expedito, esmagando a ave fatalmente, lhe responde com a cruz que segura na mão direita e que leva uma única palavra: "Hodie!" (que significa: "Hoje"), exprimindo, assim, sua vontade de lançar fora qualquer retardamento ou hesitação no cumprimento da tentação, que como sugere, adiar para o dia seguinte. A piedade popular vê neste símbolo, a prontidão com que Santo Expedito quer acolher as preces dos fiéis que recorrem a sua intercessão, daí ser título de patrono das "Causas Urgentes".


O NOME DE SANTO EXPEDITO

Todos os historiadores estão de acordo na fixação da época e local em que Santo Expedito morreu pela fé. Mas tal não acontece quando se trata de seu nome e da significação que convém dar-lhe.
Aliás pode-se indagar se trata-se de um nome propriamente dito ou de um apelido ligado, seja à sua pessoa, ou mesmo a toda a legião de que era o chefe.
As opiniões diferem. Primeiramente é conveniente ressaltar que havia no exército romano duas espécies de soldados: o "expeditus" e o "impeditus".


O "expeditus" era assim chamado porque tinha um armamento leve e desembaraçado de toda a carga de que era encarregado o "impeditus". Toda uma parte da milícia (os "expediti"), levemente equipada, podia à primeira ordem, entregar-se à defesa do território. Os "expediti" formavam, assim, um corpo inteiro ao qual teria pertencido Santo expedito. Uma pura coincidência teria favorecido o relacionamento do nome do Santo com o das tropas que ele comandava. Neste caso, "Expeditus" ter-se-ia em seguida tornado um nome próprio. É uma primeira interpretação.
Mas a opinião mais difundida e que repousa sobre outros casos semelhantes, freqüentes em todas as regiões e em todas as línguas, acha que "Expedito" ter-se-ia tornado o nome do Santo, porque lhe teria sido dado como apelido exprimindo perfeitamente o traço dominante de seu caráter: a presteza e a prontidão com que agia e se portava então no cumprimento de seu dever de estado e, também, na defesa da religião que professava. Era assim que os romanos davam freqüentemente a certas pessoas um apelido, que designava quer um traço de seus caráter ("Felix": Feliz; "Constans": Constante), quer o lugar que ocupavam entre os filhos de uma mesma família ("Primus": Primeiro; "Sextus": Sexto; "Octavus": Oitavo); até a cor de seus cabelos ("Rufus": Ruivo; "Niger": Negro) etc. Este apelido acabava por designá-los nominalmente, do mesmo modo que em português temos sobrenomes como: Russo, Negro, Branco, Castanho, Grande, Pequeno e até Raposo, Coelho, Leitão, etc.).

Na antiga Alemanha, por volta do século 18, a existência de uma devoção ao Santo Expedito como sendo o santo das causas urgentes é tão antiga quanto em 1781 onde já era invocado como padroeiro da cidade de Acireale na Sicília. Na Espanha ele tem muitos devotos e varias capelas dedicadas a ele em especial principalmente na Catalunha.
Este nome, qualquer que seja a origem de sua significação, é suficiente para fazer reconhecê-lo. O nome condiz, em todo o caso, com a generosidade e com o ardor de seu caráter, que fizeram dele um mártir.
Seguramente Santo Expedito é um Santo que podemos invocar com toda confiança nos "casos urgentes", sendo numerosas as graças obtidas por intercessão nessas circunstâncias.


Mas não devemos esquecer que o melhor culto que podemos tributar-lhe não é somente invocá-lo nos "casos urgentes", e sim imitá-lo na prática generosa da virtude e do cumprimento fiel de todas os deveres do nosso estado.

Fonte pesquisada:

Canção Nova, Vaticano e paróquias de Santo Expedito, www.santoexpedito.com
http://www.santoexpeditosantuario.com.br/

segunda-feira, 19 de março de 2012

A PRIMEIRA COSMOGONIA E COSMOLOGIA


A PRIMEIRA COSMOGONIA E COSMOLOGIA
Os Sumérios

“Os sumérios não conseguiram elaborar uma verdadeira filosofia no sentido que hoje damos à palavra”.
“Contudo, refletiram e especularam sobre a natureza e, mais particularmente, sobre a origem do universo, a sua organização e a sua vida”.
“Na opinião dos professores e sábios sumérios, os princípios componentes do universo eram o céu e a Terra; efetivamente, o termo sumério que designava ‘universo’ era an-ki, um composto que significava céu-Terra”.
“Entre o céu e a Terra afirmavam existir uma substância a que chamavam lil, palavra cujo significado aproximado é ‘vento’ (ar, sopro, espírito), e cujas características especiais seriam, parece, o movimento e a expansão”.
“Da mesma matéria que a atmosfera, eram constituídos o sol , a Lua, os planetas e as estrelas, mas acrescentando-se-lhes a qualidade da luminosidade. Rodeando o ‘céu-Terra’ por todos os lados, tanto por cima como por baixo, existia o oceano infinito, no seio do qual, de algum modo, o universo se mantinha fixo e imóvel”.
“Segundo os pensadores sumérios, o maior primordial fora o primeiro elemento do universo. Dele fizeram uma espécie de ‘causa primeira’ e de ‘primeiro motor’ e nunca se perguntaram o que teria existido antes do mar no tempo e no espaço”.
“Entre o céu e a Terra, separando-os, encontrava-se a ‘atmosfera’, dotado de movimentos e de expansão”.
“Tão longe quanto os textos nos permitem ir, os teólogos sumérios admitem como axiomática a existência de um panteão composto de seres vivos, de forma humana, mas sobre-humanos e imortais, que, apesar de invisíveis aos olhos dos mortais, criam e controlam o cosmos de acordo com planos bem estabelecidos e leis devidamente prescritas”.
“Por detrás deste pressuposto axiomático dos teólogos sumérios existia, indubitavelmente, uma inferência lógica, dado que eles não podiam ter visto qualquer desses seres de forma humana com os seus próprios olhos. Eles recebiam essa sugestão da sociedade humana tal como a conheciam e, em conseqüência, raciocinavam relativamente ao conhecido e ao desconhecido”.
“Os sumérios consideravam razoável presumir que os deuses que constituíam o panteão não eram todos da mesma importância nem de igual hierarquia”.
“E por analogia com a organização política do estado humano, era natural pressupor que a cabeça do panteão era um deus conhecido pelos outros como rei e soberano”.
“Os filósofos sumérios desenvolveram uma doutrina que se tornou dogma em todo o Próximo Oriente – a doutrina do poder criador da palavra divina. Tudo o que a divindade criadora tinha a fazer, segundo esta doutrina, era traçar os seus planos, proferir a palavra e pronunciar o nome”.
“Os teólogos sumérios chegaram ao que para eles foi uma satisfatória experiência metafísica para explicar o que mantém as entidades cósmicas e os fenômenos culturais, uma vez criados, contínua e harmoniosamente em ação, sem conflito e sem confusão”.
“Os homens de letras sumérios não produziram de modo algum qualquer gênero literário comparável com um tratado sistemático dos seus conceitos filosóficos, cosmológicos e teológicos”.
Mitógrafos vs. Filósofos

“Os mitógrafos eram escribas e poetas que tinham por principal incumbência e glorificação e a exaltação dos deuses e das suas façanhas. Ao contrário dos filósofos, não estavam interessados em descobrir verdades cosmológicas e teológicas”.
“O defeito de não distinguir entre o mitógrafo e o filósofo sumérios confundiu alguns dos modernos estudiosos do pensamento oriental antigo, particularmente aqueles fortemente marcados mais pela preocupação da ‘salvação’ do que pela da ‘verdade’ e tem-nos levado quer a subestimar quer a sobrestimar as faculdades especulativas dos antigos”.

Concepção Suméria da Criação do Universo

A principal fonte de informação da concepção suméria da criação do universo é a introdução do poema cujo título é Gilgamesh, Enkidu e os Infernos.
Através da tradução dos versos de poema e de análise do mesmo, , deduziu-se o seguinte:
1. Em algum momento céu e Terra estavam juntos, unidos.
2. Havia alguns deuses antes de a Terra e o céu se separarem.
3. Quando ocorreu a separação do céu e da Terra, An, o deus do céu, que ‘levou’ o céu, mas foi Enlil, deus do ar que levou a Terra.
Assim, concluiu-se que o céu e a Terra tinham sidos criados pelo mar primordial, ou seja, A deusa Namnu, cujo nome está descrito por meio de pictogramas empregado para o mar primordial, é designada com a mãe que deu origem à eles.
Concluiu-se também, que o céu e a terra forma concebidos pelos Sumérios da seguinte maneira: O mito O Gado e o Grão, que descreve o nascimento no céu dos deuses do gado e do grão, que eram enviados para a Terra para proporcionar prosperidade à humanidade.

Conceitos Cosmológicos dos Sumérios

A explicação do universo baseava-se nos conceitos:
1. Ao princípio era o mar primordial, Nada se diz sobre a sua origem ou nascimento e não é improvável que os Sumérios o tenham concebido como eternamente existente.
2. Este mar primordial produziu a montanha cósmica, composta do céu e da Terra ainda unidos.
3. Personificados, e concebidos como deuses de forma humana, o céu, ou seja, An, desempenhou o papel de macho e a Terra, isto é, Ki, o de fêmea. Da sua união nasceu o deus do ar, Enlil.
4. Entil, o deus do ar, separou o céu e a Terra e, enquanto seu pai, An, levava o céu, Enlil levava a Terra, sua mãe. A união de Enlil e sua mãe, a Terra, foi a origem do homem, dos animais e das plantas e os estabelecimento da civilização.

O Mito de Sin e o Pensamento dos Sumérios sobre os Deuses

“Acerca do nascimento do deus da Lua, Sin, temos um encantador e muito humano mito que parece ter sido elaborado para explicar a geração do deus da Lua e de três divindades que forma condenadas a consumir as suas vidas no mundo inferior”.
“O mito conclui com um breve hino triunfal dedicado a Enlil como deus da abundância e da prosperidade, cuja palavra era definitiva.
“Este mito ilustra vivamente o caráter antropomórfico dos deus sumérios. Mesmo os mais poderosos e os mai célebres de entre eles eram concebidos com forma, pensamento e ações humanos”.
“Os sumérios pensavam que os deuses vivem na montanha do céu e da Terra, o lugar onde o Sol nasce, pelo menos quando a sua presença não era necessária nas particulares entidades cósmicas que se encontravam sob a sua alçada”.
“Os pensadores sumérios, ao que parece, não se devem ter perturbado demasiadamente com problemas realistas, e assim, não temos informações certas de como imaginavam que os deuses chegavam aos seus diversos templos e santuários, nem como realizavam atividades humanas.”
“Os sábios sumérios desenvolveram numerosas noções teológicas numa vã tentativa para encontrar uma solução para os aspectos inconscientes e contraditórios inerentes a um sistema religioso politeísta. Mas, a julgarmos pelos dados matérias utilizáveis, eles nunca lhes deram expressão escrita sistemática, não tendo sido, portanto, extensamente divulgadas”.

Os Deuses
“Os Sumérios to terceiro milênio a. C. distinguiam-se, pelo menos no nome, centenas de deuses”.
Destas centenas de divindades, as principais eram quatro: An, Enlil, Enki e Ninhursag.
An
“An foi adorado na Suméria, ininterruptamente, durante milhares de anos, mas perdeu muito da sua importância original. Tornou-se pouco a pouco uma personagem de segundo plano no panteão e é raramente mencionado nos hinos e nos mitos das épocas mais recentes, ao mesmo tempo que a maior parte dos seus poderes passaram para o deus Enlil”.
Enlil
“Enlil, deus do ar e da atmosfera, é a de longe a divindade mais importante do panteão sumério”.
“(...) Os mais antigos documentos inteligíveis apresentam Enlil como o pai dos deuses, o rei do céu e da Terra, o rei de todos os países. Reis e soberanos orgulham-se de ter recebido de Enlil o governo do país, de ele ter feito a prosperidade do seu povo, de lhes ter dado terras para conquistarem. Os hinos e s mitos mais recentes informam-nos de que Enlil era considerado como uma divindade benéfica, responsável pela concepção e criação dos caracteres mais importantes do universo”.
“Os primeiros historiadores da religião suméria acusaram-no de ser uma divindade selvagem e destruidora e outros, mais recentes, mantiveram exatamente este juízo. Mas, quando hoje analisamos os hinos e os mitos, particularmente aqueles que foram publicados depois de 1930, encontramos neles um Enlil glorificado como um deus amável e paternal, que vela pela segurança e bem-estar de todos os homens, especialmente dos habitantes da Suméria”.


Enki
“O terceiro dos principais deuses sumérios era Enki, deus do abismo, ou, segundo a palavra suméria, o abzu. Enki era o deus da sabedoria, e originalmente organizou a Terra, de harmonia com as decisões de Enlil, que traçara os planos universais”.
“As 100 primeiras linhas do poema Enki e a Ordem do Mundo são demasiado fragmentárias para que possamos reconstruir-lhes o conteúdo. Quando o texto se torna legível, Enki está a decretar o destino da Suméria”.
Ninhursag
“A quarta entre as divindades criadoras era a deusa-mãe Ninhursag, igualmente conhecida sob o nome de Ninmah (a dama majestosa). Existem razões para supor que originalmente o seu nome fora Ki (Terra), que ela tenha sido considerada a esposa de An ( Céu) e que ambos foram os pais de todos os deuses”.
“Ela era considerada como a mãe de todas as criaturas vivas, a deusa-mãe. Num mito que fala desta deusa, desempenha ela um papel importante na criação do homem e num outro mito parte dela uma cadeia de nascimentos que leva a um tema de fruto proibido”.

Me, as leis divinas

“Me, as leis divinas, são normas e regras que, segundo os filósofos sumérios, governam o universo desde os dias de usa criação e o mantêm em funcionamento”.
“Um dos antigos poetas sumérios, ao compor ou redigir um dos seus mitos, julgou que vinha a propósito dar uma lista dos me relacionados com a cultura. Divide a civilização, segundo o conhecimento que dela tinha, numa centena de elementos. No estado atual do texto são apenas inteligíveis cerca de sessenta e alguns são palavras mutiladas que, sem contexto explicativo, apenas nos dão uma vaga idéia do seu real sentido”.
Há uma lista das partes mais inteligíveis, e seguindo a própria ordem escolhida pelo antigo escritor sumério, segue abaixo: 1 - soberania; 2- divindade; 3- a sublime e permanente coroa; 4- o trono rela; 5- o sublime ceptro; 6- as insígnias reais; 7- o sublime santuário; 8- o pastoreio; 9- a realeza; 10- a durável senhoria; 11- a divina senhora ( dignidade sacerdotal); 12- o ishib (dignidade sacerdotal); 13- o lumah ( dignidade sacerdotal); 14- o gulug (dignidade sacerdotal); 15- a verdade; 16- a descida aos Infernos; 17- a subida dos Infernos; 18- o kurgarru (o eunuco); 19- o girbadara ( o eunuco); 20- o sagursag ( o eunuco); 21- o estandarte (das batalhas); 22- o dilúvio; 23- as armas; 24- as relações sexuais; 25 a prostituição; 26- a lei; 27- a calúnia; 28- a arte; 29- a sala do culto; 30- a hierodula do céu; 31- o gusilim (instrumento musical); 32- a música; 33- a função de ancião; 34- a qualidade de herói; 35- o poder; 36- a hostilidade; 37- a retidão; 38- a destruição das cidades; 39- a lamentação; 40- as alegrias do coração; 41- a mentira; 42- o país rebelde; 43- a bondade; 44- a justiça; 45- a arte de trabalhar a madeira; 46- a arte de trabalar os metais; 47- a função dos escribas; 48- a profissão de ferreiro; 49- a profissão de curtidor; 50- a profissão de pedreiro; 51- a profissão de cesteiro; 52- a sabedoria; 53- a atenção; 54- a purificação sagrada; 55- o medo; 56- o terror sagrado; 57- o desacordo; 58- a paz; 59- a fadiga; 60- a vitória; 61- o conselho; 62- o coração perturbado; 63- o julgamento; 64- a sentença do juiz; 65- o lilis ( instrumento musical); 66- o ub (instrumento musical); 67- o mesi (instrumento musical); 68- o ala ( instrumento musical).
“Os pensadores sumérios não formularam um sistema de filosofia, nem desenvolveram um sistema explícito de leis e princípios morais. Não redigiram formais tratados de ética. O que sabemos da moral e da ética sumérias tem de ser pesquisado nas diversas obras literárias sumérias”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


KRAMER, S.N. A História começa na suméria. Capítulo XII, pág. 101 a 127.