BLOG DO PROFº ROBERTO CATARINO
domingo, 22 de abril de 2012
O ELEITO DE DEUS - Oliver Cromwell e a Revolução Inglesa, cap.I,VIII,X Hill,Christopher
RESENHA CRÍTICA
Roberto Catarino da Silva
Hill (1988) em sua narrativa dos fatos históricos que contemplam a vida de Oliver Cromwell relata que ele viveu de 1599 a 1658. A título de entendimento o autor diz que durante os primeiros quarenta anos de sua existência ele vivenciou diversas situações, as quais só vieram se assentar nas décadas revolucionárias de 1640-1660. Em sua pesquisa Hill (1988) faz uma descrição dos fatos tentando de forma cronológica, orientar os acontecimentos que marcaram a trajetória de Oliver Cromwell.
Então, como primeiro fato, vale dizer que quando Oliver nasceu, o reinado de Isabel chegava ao fim. Segundo o escritor, as grandes realizações desse reinado situavam-se no passado. O protestantismo fora restabelecido, evitaram-se as guerras de religião, a nobreza fora desarmada, e já não havia mais qualquer perigo de revolta feudal.
Para tanto, o historiador ratifica as décadas decisivas de 1640 a 1660, pois foi neste período do tempo, que se vivenciou a figura preponderante de Cromwell. Então, é próprio fazer eco com os estudiosos deste indivíduo, pois é um consenso literário que qualquer investigação sobre sua pessoa, por conseqüência, não será apenas a biografia de um grande homem, pois os valores de sua existência sempre compartilharam com o paradoxo do julgamento popular.
Segundo Hill (1988) quando Oliver nasceu os dias generosos da Boa Rainha Bess – talvez já pertencessem ao passado. À medida, porém, que ele crescia, vingou com ele a lenda de uma idade de ouro isabelina, durante a qual o Parlamento e a Coroa agiam em harmonia, a Igreja era resolutamente protestante, os bispos se subordinavam ao poder secular e os lobos do mar protestantes voltavam carregados de outro e glória após derrotarem seus adversários.
Hill (1988) apregoa que tal lenda, posta em circulação por cortesãos idosos como sir Fulke Greville e sir Robert Naunton e claramente formulada na última peça de Shakespeare, Henry VIII, devia muito mais à crítica em reação ao que estava acontecendo (ou deixando de acontecer) sob os Stuart do que a algo que realmente existira no reinado de Isabel.
Hill (1988) relembra que o século XVI presenciara o surgimento da América e das novas rotas de comércio em direção ao Extremo Oriente, um súbito crescimento populacional em toda a Europa e uma inflação monetária que também se estendia por todo o continente europeu.
Diante destes fatos, para o cronista, o século XVII é decisivo na história da Inglaterra. É a época em que a Idade Média chega ao fim. A Europa estava envolvida em diversas revoltas, insurreições civis com conflitos armados.
Para um melhor entendimento dos leitores, o pesquisador descreve os acontecimentos, o qual se apresenta ipsis litteris:
Durante esse período, a Alemanha e a Itália não conseguiram consolidar estados nacionais baseados num único mercado nacional, e ficaram para trás na corrida. Na França, após uma série de convulsões na primeira metade do século, a unidade nacional foi assegurada sob a monarquia, com a aquiescência das classes comerciais, que aceitaram uma posição de reconhecimento, apesar de subordinada, na estrutura de poder do país. Na Inglaterra ocorreu uma ruptura decisiva no século XVII, a qual assegurou que, daí por diante, os governos haveriam de conferir grande peso a considerações de natureza comercial. (HILL,1988, p. ???)
É pertinente declarar que poucos políticos se mostraram tão inocentes no que concerne a teoria política quanto Cromwell. Oliver não era republicano nem tampouco se ligava a “ismos” específicos no que dizia respeito à política. Também, não era conhecido como membro de qualquer seita religiosa. É fato que nenhuma congregação dissidente, nos dias de hoje, o reclama como um de seus primeiros membros. Isso não era inconveniente do ponto de vista político.
Para o historiógrafo um ponto importante a ser divulgado é a crença de que Oliver conformava seus atos à vontade de Deus. A religião não era aquilo que se lutava inicialmente, enfatizou Oliver com muita acuidade, mas “Deus, finalmente, a colocou em questão”.
Hill (1988) nos diz que Cromwell afastava-se teologicamente dos radicais na distinção que estabelecia entre “o povo” e “o povo de Deus”... Após a dissolução do Parlamento de Barebone, Oliver já não se via mais como Moisés conduzindo o povo de Deus à terra prometida.
Vale ressaltar também, que o Calvinismo contribuiu com a ideologia de Cromwell e dos revolucionários ingleses. Para que se entenda, a força do calvinismo revolucionário apoiava-se na ênfase do homem piedoso, na solidariedade contra os inimigos mundanos, daqueles que se reconheciam uns aos outros como santos.
A propósito de sua trajetória, não se pode deixar de lado algumas participações, tais como a ocorrida em 1645 quando marcha sobre Londres para persuadir Carlos I a aceitar um governo regido pela Constituição. Não houve acordo e uma guerra civil eclode, resultando com a execução do rei em 1649. Diante desse fato, a Inglaterra torna-se uma república e Cromwell, presidente do Conselho de Estado, braço executivo do Parlamento.
Um outro episódio marcante ocorreu em 1653, quando um golpe de Estado dissolveu o Parlamento e concentrou os poderes nas mãos de Cromwell, que recebeu o título de Lord Protector. E, na política externa, obtém vitórias militares que reforçam o poderio inglês. Internamente, adota medidas de abertura do comércio e fortalece o puritanismo1, mas atua com tolerância religiosa, exemplificada pela readmissão dos judeus no Reino Unido.
Morre em Londres e é enterrado na Abadia de Westminster. É sucedido pelo filho Richard, que governa até 1659. Depois da restauração da monarquia, em 1660, seus restos são transferidos para Tyburn, onde eram executados os criminosos.
Hill (1988) nos diz que os historiadores propiciaram-nos muitos Cromwells, criados, se não a partir da imagem que dele faziam, pelo menos como veículos de seus próprios preconceitos. Porém, para os historiadores mais respeitáveis, Cromwell era visto como uma figura muito negativa. A melhor biografia de Cromwell ainda é aquela escrita por sir Charles Firth, publicada pela primeira vez em 1900. Ela segue inteiramente a tradição de Gardiner e pouco faz para relacionar Cromwell com os problemas sociais e econômicos de sua época; dentro de suas limitações é, porém, da melhor categoria.
E a guisa de conclusão manifesta o seu apreço ao aduzir
Na memória popular, tão propensa a corporificar causas em indivíduos, Oliver Cromwell acabou personificando a revolução inglesa, sobretudo em seus aspectos mais destrutivos e violentos. Cromwell, o demolidor de castelos e solares, o profanador de igrejas, ocupa um lugar no folclore, cuja inexatidão não o torna menos interessante para o historiador.
A história tem personificado mitos e heróis, os quais não nos compete, exemplifica-los. O que nos cabe como acadêmico é relatar os fatos e reviver o passado no momento presente. A pesquisa de Hill nos interessa, não só por sua narrativa biográfica de Oliver Cromwell, que por sinal foi muito instigante, mas por nos incentivar a conhecer os personagens que justificam o nosso interesse pelo conhecimento ao qual nos propomos: O Curso de História.
O puritanismo designa uma concepção da fé cristã desenvolvida na Inglaterra por uma comunidade de protestantes radicais depois da Reforma. Segundo o pensador francês Alexis de Tocqueville, em seu livro A Democracia na América, trata-se tanto de uma teoria política como de uma doutrina política.
BIBLIOGRAFIA:
HILL, Christopher. Oliver Cromwell e a Revolução inglesa In: O Eleito de Deus. São Paulo: Companhia das Letras. 1988, Cap. I,VIII,X
Um comentário:
Expresso as mais sinceras congratulações.
Jacques Azicoff
Presidente da Academia de Artes, Ciências e Letras
Iguaba Grande-RJ
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