BLOG DO PROFº ROBERTO CATARINO

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domingo, 14 de outubro de 2012

O LUGAR DOS GREGOS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

LUGAR DOS GREGOS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Resenha: Autor Professor Roberto Catarino Jaeger expõe em seu artigo que, entre os seres vivos, somente o homem consegue conservar e propagar a sua forma de existência social e espiritual por meio das forças pelas quais a criou, por meio da vontade consciente e da razão. Assim, nestas primeiras linhas, já se evidencia, na narrativa do autor, que existe um binômio que se estabelece em relação ao Homem: a natureza física e o espírito humano. Vale esclarecer que a natureza física pode até ser mudada através de uma educação consciente, enquanto o espírito humano, através do conhecimento, produz formas melhores de existência humana. Para o autor, a Educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual, e, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valores que regem a vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pela transformação dos valores válidos para cada sociedade. Ensina-nos o escritor, depois de algumas informações que compõem a narrativa, que por mais elevadas que julguemos as realizações artísticas, religiosas e políticas dos povos anteriores, a história daquilo que podemos, com plena consciência, chamar de cultura só começa com os Gregos. Para o autor, não é possível descrever em poucas palavras a posição revolucionadora e solitária da Grécia na história da educação humana, por não se tratar de um conjunto de ideias abstratas, mas da própria história da Grécia na realidade concreta do seu destino vital. A ideia de educação representava para o sentido de todo o esforço humano. Era a justificação última da comunidade e individualidade humanas. Contudo, mesmo que não tenhamos ganhado grande coisa em afirmar que os Gregos foram os criadores da ideia de cultura, num tempo cansado de cultura e em que se pode considerar como sobrecarga essa paternidade. Mas o que hoje denominamos cultura não passa de um produto deteriorado, derradeira metamorfose do conceito grego originário. A importância dos gregos como educadores deriva de sua nova concepção do lugar do indivíduo na sociedade. E, com efeito, se contemplarmos o povo grego sobre o fundo histórico do antigo Oriente, a diferença é tão profunda que os gregos parecem fundir-se numa unidade com o mundo europeu dos tempos modernos. E isto chega ao ponto de podermos sem dificuldade interpretá-los na linha da liberdade do individualismo moderno. Efetivamente, não pode haver contraste mais agudo que o existente entre a consciência individual do homem de hoje e o estilo de vida do Oriente pré-helênico, tal como ele se manifesta na sombria majestade das Pirâmides, nos túmulos dos reis e na monumentalidade das construções orientais. Em contraste com a exaltação oriental dos homens-deuses, solitários, acima de toda a medida natural, em que se expressa uma concepção metafísica que nos é totalmente estranha, em contraste com a sua significação religiosa, o início da história grega surge como princípio de uma valoração nova do Homem, a qual não se afasta muito das ideias difundidas de autonomia espiritual que desde o Renascimento se reclamou para cada indivíduo. E teria sido possível a aspiração do indivíduo ao valor máximo que os tempos modernos lhe reconhecem, sem o sentimento grego da dignidade humana? O estilo e a visão artística dos Gregos surgem, em primeiro lugar, como talento estético. Assentam num instinto e num simples ato de visão, não na deliberada transferência de uma ideia para o reino da criação artística. A idealização da arte só mais tarde aparece, no período clássico. É claro que não basta insistir nesta disposição natural e na inconsciência desta intuição para explicar a razão por que aparecem os mesmos fenômenos na literatura, cujas criações não dependem já da visão dos olhos, mas da interação do sentido da linguagem e das emoções da alma. O povo grego é o povo filosófico por excelência. A “teoria” da filosofia grega está intimamente ligada à sua arte e à sua poesia. Não contém só o elemento racional em que se pensamos em primeiro lugar, mas também, como o indica a etimologia da palavra, um elemento intuitivo que apreende o objeto como um todo na sua ideia, isto é, como uma forma vista. Para os gregos, ter consciência dos princípios naturais da vida do homem e de suas leis que comandam as forças do corpo e do espírito é de suma importância no que se refere à educação. Utilizando tal consciência a serviço da educação e da formação de verdadeiros homens. Para eles, a educação deve ser um processo de construção consciente. É a educação que forma o homem em um sentido integral, tendo o homem como o centro. A visão antropocêntrica que penetra a totalidade do espírito grego. O grego descobre o Homem entendendo as leis gerais responsáveis pela essência humana. A percepção grega, segundo o autor, não é a do individualismo e sim a do humanismo. “A educação humana de acordo com a verdadeira forma humana”: a Paidéia grega original. Advindo da ideia, do homem como ideia. Essa educação é aspirada pelos educadores gregos, pelos poetas, artistas e filósofos. É o princípio da educação pela modelagem dos indivíduos pela norma da comunidade. O homem universal. O ideal de Homem para a formação do indivíduo, então, está ligado a um espaço e aum tempo. É o ideal de um homem histórico e social. Segundo o autor, não se pode considerar os gregos como ídolos intemporais. A sua forma e energia educadora refletida em nós são, na verdade, forças atuantes na vida histórica, assim como no tempo deles. A história da literatura grega está intimamente ligada à comunidade social. A formação individual só existiu na época helenística, da qual deriva, em linha reta, a pedagogia moderna. E os verdadeiros representantes de tal Paidéia são, de acordo com o autor, os poetas, os músicos, os filósofos, os retóricos e os oradores, como homens de Estado que são. A história da educação grega confunde-se com a da literatura, que é a expressão do processo de autoformação do homem grego. O autor aponta que o processo educativo sempre foi vinculado ao estudo da Antiguidade. Mas o nascimento da moderna história da Antiguidade mudou a nossa atitude relacionada a esta, tentando conhecer o que e como realmente foi, considerando, assim, os clássicos apenas como parte da História e deixando de lado a sua influência direta sobre o mundo atual. Contudo, para o autor, o influxo da cultura clássica permanece e somos levados a compreender o que ele chama de “o fenômeno imperecível da educação antiga”. Bibliografia: JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do povo grego. São Paulo : Martins Fontes. 2001.

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