BLOG DO PROFº ROBERTO CATARINO

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quarta-feira, 16 de março de 2011

O EGITO ANTIGO: ASPECTOS DA VIDA INTELECTUAL


O raciocínio egípcio se baseava na acumulação de exemplos concretos, não em teorias gerais. Estava, outrossim, engajado no esforço de preservar a estrutura político-social vigente e a ordem cósmica,através de uma ética e de observâncias rituais adequadas; ou em fornecer pragmaticamente regras ou receitas funcionais às diversas atividades. O pensamento egípcio estava interessado na preservação do estado de coisas: era, assim, conservador e conformista em forma predominante (quando não abertamente oportunista, ao legitimar a ânsia de agradar aos poderosos). Isto se liga, em primeiro lugar, à estabilidade estrutural básica - através de múltiplas mudanças – que caracterizou, a civilização faraônica através dos milênios. Tal fato reforçava a convicção de existir uma ordem necessária, legítima e desejável no mundo e na sociedade.
Em se tratando de religião, no antigo Egito, a religião historicamente conhecida resultou, em primeiro lugar, da superposição e organização das divindades dos nomos. Em cada santuário o deus local era visto como a divindade suprema e criadora. Desde o século XIX, diversos autores vêm afirmando que, apesar de um politeísmo aparente, a religião dos antigos egípcios era de fato monoteísta. As concepções acerca do caráter e das atribuições da divindade seriam coerentes e unitárias, sendo os deuses múltiplos simples aspectos ou manifestações do Deus único e inefável.
No Reino Novo fortaleceram-se as tentativas de sincretismo e identificação entre as personagens e mitos divinos. Um aspecto especial e muito importante da religião egípcia eram as crenças funerárias. A religião funerária era profundamente penetrada de magia em todos os seus aspectos. As crenças sobre a vida depois da morte fizeram dos túmulos egípcios os mais ricos de toda a História humana em oferendas enterradas com os defuntos e em representações diversas da vida quotidiana e das atividades profissionais do morto e seus subordinados: daí a sua extraordinária importância como fonte histórica. A religião penetrava intimamente todos os aspectos da vida pública e privada do antigo Egito. A medicina era penetrada de magia e religião. O aspecto supersticioso das crenças multiplicava o uso de amuletos e outras proteções mágicas, tanto pelos vivos quanto pelos mortos.
Com relação à língua, escrita e literatura no Egito, a língua egípcia é considerada africana, com alguma influência semítica. A última etapa histórica do antigo egípcio foi o copta, hoje idioma morto, mas ainda usado como língua litúrgica dos cristãos do Egito. No período faraônico, três fases transparecem através dos textos escritos conservados: egípcio arcaico, egípcio clássico ou médio e neo-egípcio.
Os textos egípcios que se conservaram são predominantemente religiosos e funerários - textos das pirâmides, textos dos sarcófagos, Livro dos Mortos, hinos a diversas divindades, inscrições que se referem aos mitos e rituais divinos - relativos aos feitos dos reis, e biografias oficiais de funcionários.
Desde o Reino Antigo, apareceu uma literatura profana, bem conhecida em épocas posteriores: romances curtos, poesias líricas, instruções moralizantes, sátiras, tratados técnicos. A cultura do Egito antigo, nos aspectos que podemos conhecer, era patrimônio de reduzida elite de letrados: cortesãos, sacerdotes, funcionários e escribas.
No que diz respeito a artes plásticas, os antigos egípcios não tinham uma noção da arte como atividade que se autojustifica: arquitetos, escultores ou pintores viam-se como funcionários ou como artesãos que produziam objetos funcionais para uso religioso, funerário ou de outro tipo. A arte em todos os seus aspectos - arquitetura, escultura, pintura, artes menores - girava em tomo dos deuses, do rei-deus e da corte. Sendo o faraó o construtor principal e o maior consumidor de objetos de arte, por concentrar a riqueza e a mão-de-obra especializada e não-especializada necessária, as épocas de apogeu artístico coincidem com os auges do poderio faraônico. Os templos egípcios se caracterizam pela sua monumentalidade. A partir do Reino Novo, fixou-se um padrão em tal tipo de edifício: entradas monumentais, pátios abertos, salas hipóstilas, um santuário obscuro, capelas para a barca do deus e outros fins, depósitos etc.
A escultura real era com freqüência também monumental e idealizada, representando o faraó, segundo certas convenções bastante rígidas quanto às atitudes e às vestimentas. Já a escultura de particulares conhecida através das tumbas era mais realista.
A pintura refinou muito as suas técnicas no Reino Novo. Certos cânones e convenções se mantiveram com pouca mudança ao longo dos milênios. São consideradas notáveis e úteis como documentação, as pinturas e relevos encontrados nos túmulos, além de certos manuscritos como o Livro dos Mortos são também decorados com belas ilustrações.

2 comentários:

Unknown disse...

e muto legal para falar diso

Unknown disse...

Muito instrutivo adorei!