BLOG DO PROFº ROBERTO CATARINO
domingo, 14 de outubro de 2012
O NOME DA ROSA
O Nome da Rosa
Por Roberto Catarino da Silva
Introdução :
"O Nome da Rosa" é um romance cuja trama se desenrola em um mosteiro italiano na última semana de novembro de 1327. Ali, em meio a intensos debates religiosos, o frade franciscano inglês Guilherme de Baskerville e seu jovem auxiliar, Adso, envolvem-se na investigação das insólitas mortes de sete monges, em sete dias e sete noites. Os crimes se irradiam a partir da biblioteca do mosteiro: "o nome da rosa" era uma expressão usada na Idade Média para denotar o infinito poder das palavras.
Resenha
A Baixa Idade Média (século XI ao XV) é marcada pela desintegração do feudalismo e formação do capitalismo na Europa Ocidental. Ocorrem assim, nesse período, transformações na esfera econômica (crescimento do comércio monetário), social (projeção da burguesia e sua aliança com o rei), política (formação das monarquias nacionais representadas pelos reis absolutistas) e até religiosas, que culminarão com o cisma do ocidente, através do protestantismo iniciado por Martinho Lutero na Alemanha em 1517.
Culturalmente, destaca-se o movimento renascentista que surgiu em Florença no século XIV e se propagou pela Itália e Europa, entre os séculos XV e XVI. O renascimento, enquanto movimento cultural, resgatou da antigüidade greco-romana os valores antropocêntricos e racionais, que adaptados ao período, entraram em choque com o teocentrismo e dogmatismo medievais sustentados pela Igreja.
No filme, o monge franciscano representa o intelectual renascentista, que com uma postura humanista e racional, consegue desvendar a verdade por trás dos crimes cometidos no mosteiro.
1. Contextualização
Discussão dos elementos formadores da cultura moderna, o surgimento do pensamento moderno, no período da transição da Idade Média para a Modernidade.
O Filme
O Nome da Rosa pode ser interpretado como tendo um caráter filosófico, quase metafísico, já que nele também se busca a verdade, a explicação, a solução do mistério, a partir de um novo método de investigação. E Guilherme de Bascerville, o frade fransciscano detetive, é também o filósofo, que investiga, examina, interroga, duvida, questiona e, por fim, com seu método empírico e analítico, desvenda o mistério, ainda que para isso seja pago um alto preço.
O Livro
O nome da rosa é um livro escrito numa linguagem da época, cheio de citações teológicas, muitas delas referidas em latim. É também uma crítica do poder e do esvaziamento dos valores pela demagogia, violências sexuais, os conflitos no seio dos movimentos heréticos, a luta contra a mistificação e o poder. Uma parábola sangrenta patética da história da humanidade
O Tempo
Trata-se do ano 1327, ou seja, a Alta Idade Média. Lá se retoma o pensamento de Santo Agostinho (354-430), um dos últimos filósofos antigos e o primeiro dos medievais, que fará a mediação da filosofia grega e do pensamento do início do cristianismo com a cultura ocidental que dará origem à filosofia medieval, a partir da interpretação de Platão e o neoplatonismo do cristianismo. As teses de Agostinho nos ajudarão a entender o que se passa na biblioteca secreta do mosteiro em que se situa o filme.
Doutrina Cristã
Neste tratado, Santo Agostinho estabelece precisamente que os cristãos podem e devem tomar da filosofia grega pagã tudo aquilo que for importante e útil para o desenvolvimento da doutrina cristã, desde que seja compatível com a fé. Isto vai constituir o critério para a relação entre o cristianismo (teologia e doutrina cristã) e a filosofia e a ciência dos antigos. Por isso é que a biblioteca tem que ser secreta, porque ela inclui obras que não estão devidamente interpretadas no contexto do cristianismo medieval. O acesso à biblioteca é restrito, porque há ali um saber que é ainda estritamente pagão (especialmente os textos de Aristóteles), e que pode ameaçar a doutrina cristã. Como diz ao final Jorge de Burgos, o velho bibliotecário, acerca do texto de Aristóteles – a comédia pode fazer com que as pessoas percam o temor a Deus e, portanto, faz desmoronar todo esse mundo.
2. Disputa de Filosofia
Entre os séculos XII e XIII temos o surgimento da escolástica, que constitui o contexto filosófico-teológico das disputas que se dão na abadia em que se situa O Nome da Rosa. A escolástica significa literalmente "o saber da escola", ou seja, um saber que se estrutura em torno de teses básicas e de um método básico que é compartilhado pelos principais pensadores da época.
2.1 Influência aos Pensamentos
A influência desse saber corresponde ao pensamento de Aristóteles, trazido pelos árabes (mulçumanos), que traduziram muitas de suas obras para o latim. Essas obras continham saberes filosóficos e científicos da Antigüidade que despertariam imediatamente interesses pelas inovações científicas decorrentes.
2.2 Consolidação Política
A consolidação política e econômica do mundo europeu fazia com que houvesse uma maior necessidade de desenvolvimento científico e tecnológico: na arquitetura e construção civil, com o crescimento das cidades e fortificações; nas técnicas empregadas nas manufaturas e atividades artesanais, que começam a se desenvolver; e na medicina e ciências correlatas.
2.3 Pensamento Aristotélico
O saber técnico-científico do mundo europeu era nesta época extremamente restrito e a contribuição dos árabes será fundamental para este desenvolvimento pelos conhecimentos de que dispunham de matemática, de ciências (física, química, astronomia, medicina) e de filosofia. O pensamento agora (Aristotélico) será marcado pelo empirismo e materialismo.
3. A Época
O enredo do filme desenvolve-se na ultima semana de 1327, num monastério da Itália medieval. A morte de sete monges em sete dias e noites, cada um de maneira mais insólita - um deles, num barril de sangue de porco, é o motor responsável pelo desenvolvimento da ação. A obra é atribuída a um suposto monge, que na juventude teria presenciado os acontecimentos.
Este filme é uma crônica da vida religiosa no século XIV, e relato surpreendente de movimentos heréticos. Para muitos críticos, o nome da rosa é uma parábola sobre a Itália contemporânea. Para outros, é um exercício monumental sobre a mistificação.
4. O Título
A expressão "O nome da Rosa" foi usada na Idade Média significando o infinito poder das palavras. A rosa subsiste seu nome, apenas; mesmo que não esteja presente e nem sequer exista. A " rosa de então" , centro real desse romance, é a antiga biblioteca de um convento beneditino, na qual estavam guardados, em grande número, códigos preciosos: parte importante da sabedoria grega e latina que os monges conservaram através dos séculos.
5. Biblioteca do Mosteiro
Durante a Idade Média umas das práticas mais comuns nas bibliotecas dos mosteiros eram apagar obras antigas escritas em pergaminhos e sobre elas escreve ou copiar novos textos. Eram os chamados palimpsestos, livretes em que textos científicos e filosóficos ma Antigüidade clássica eram raspados das páginas e substituídos por orações rituais litúrgicos.
O nome da rosa é um livro escrito numa linguagem da época, cheio de citações teológicas, muitas delas referidas em latim. É também uma crítica do poder e do esvaziamento dos valores pela demagogia, violências sexuais, os conflitos no seio dos movimentos heréticos, a luta contra a mistificação e o poder. Uma parábola sangrenta patética da história da humanidade
5.1 - Pensamento
O pensamento dominante, que queria continuar dominante, impedia que o conhecimento fosse acessível a quem quer que seja, salvo os escolhidos. No O nome da Rosa, a biblioteca era um labirinto e quem conseguia chegar no final era morto. Só alguns tinham acesso. É uma alegoria do Umberto Eco, que tem a ver com o pensamento dominante da Idade Média, dominado pela igreja. A informação restrita a alguns poucos representava dominação e poder. Era a idade das trevas, em que se deixava na ignorância todos os outros.
6. História
Em 1327 William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço que o acompanha, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante intrincando, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do Demônio. William de Baskerville não partilha desta opinião, mas antes que ele conclua as investigações Bernardo Gui (F. Murray Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no local e está pronto para torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido assassinatos em nome do Diabo. Considerando que ele não gosta de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são diabolicamente influenciados. Esta batalha, junto com uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente solucionado.
O ano é 1327. Representantes da Ordem Franciscana e a Delegação Papal se reúnem num monastério Beneditino para uma conferência. Mas a missão deles é subitamente ofuscada por uma série de assassinatos. Utilizando sua brilhante capacidade de dedução, o monge franciscano William de Baskerville (Sean Connery), auxiliado pelo seu noviço Adso de Melk (Christian Slater), se empenha para desvendar o mistério. Mas antes que William possa completar sua investigação, o monastério é visitado pelo seu antigo desafeto, o Inquisidor Bernardo Gui (F. Murray Abraham). O poderoso Inquisidor está determinado a erradicar a heresia através da tortura e se William, o caçador, persistir na sua busca, também se tornará caça. Mas à medida que Bernardo Gui se prepara para acender a fogueira da Inquisição, William e Adso voltam à biblioteca labirintesca e descobrem uma verdade extraordinária ...
Conclusão
Do ponto de vista do filme e do Livro que hoje está sendo abordado, concluímos que a história passa em um mosteiro na Itália Medieval. A idade média assistiu, em sua agonia um grande debate Filosófico Religioso. Perdido o equilíbrio do tomismo, o homem medieval caiu em dois extremos opostos.
De um lado os humanistas racionalistas Frei Guilherme de Ockham, um édito moderno. Tais humanistas cultivaram o antropocentismo julgaram que graças Pa ciências e a técnica, o homem seria capaz de vencer todas as misérias do mundo, até criar uma era de grande prosperidade material e de completa felicidade natural.
De outro lado místicos com visão extremamente pessimista da realidade. Para eles o mundo era intrinsecamente mau e irredimível por ser obra de um DEUS perverso, distinto da divindade. Acreditavam que a razão humana era má e só seria desejável perder-se no nada divino.
No mosteiro, sete monges morrem estranhamente, isto aborda muito a violência.
Há também uma violência sexual, no qual mulheres se vendem aos monges em troca de comida e muitas vezes depois são mortas.
Movimentos ecléticos do século XIV, a luta contra a mistificação, o poder, o esvaziamento de valores pela demagogia, são mostrados em um cenário sangrento sobre a política da historia da humanidade.
BiblIiografia :
Filme: O Nome da Rosa , Globo Filmes
ECCO,Humberto , "O Nome da Rosa", traduzido por BERNARDINI, AURORA FORNONI , Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira,1980
Respostas das questões :
1- O homem renascentista defende a valorização humana, assumindo o homem uma forma de pensamento conhecido por antropocentrismo, através do qual se coloca no centro do universo enquanto ser dotado de inteligência e símbolo da perfeição, um pensamento racionalista, humanista e individualista, é basicamente a procura e reflexão de uma nova maneira de ver e estudar o mundo. Abandona assim a visão teocêntrica.
Os intelectuais italianos rejeitaram a estagnação da cultura medieval e apostaram na criação de universidades, bibliotecas e academias, que influenciavam, na época, o pensamento da Europa Ocidental.
2- No contexto da Idade Média o medo do diabólico era o medo de ir para o inferno. Com a evolução social pela qual passamos, o nosso medo passou a ser o medo de perder a liberdade como por exemplo a censura de imprensa. No mundo de hoje o que mais valorizamos é a liberdade de expressão, civil, religiosa etc. com a censura destas, sentiríamos muito essa perda.
3- Escolástica é geralmente dividido em três períodos: escolástica medieval, que se estenderá de Boethius (século 5-6) para o 16 º século, com a sua Idade de Ouro no 13 º século; "segunda escolástica", no início do 16o século com Thomas de Vio Caetano, Conrad Koellin, Peter Crokert, Francesco de Vittoria, e Francisco Suarez; e neoscholasticism, começando no início dos século 19, impulsionadas pela encíclica Aeterni Patris (1879) de Pope Leo XIII, e continuar pelo menos até que o Concílio Vaticano II (1962 -65).As escolas de hoje não são destinadas para pessoas com seu tempo livre. A realidade atual da educação brasileira é bastante complexa, com inúmeros desafios e problemas que se inter-relacionam com o panorama político, econômico e social do país. Este quadro tem sua origem em um processo que não é novo e que não pode ser dissociado de um contexto amplo, histórico.
4- A grande batalha entre ciência e religião, parece não ter fim. Não que religiosos sejam inimigos de cientistas, mas sim o ramo do saber em si. O conhecimento científico e o conhecimento teológico muitas vezes não concordam, ou pelo menos não parecem encontrar um padrão para harmonização da relação entre eles.
Por um lado o conhecimento científico, que parte da lógica, requer meios para comprovação de suas teorias. Para isto é necessário certo ceticismo e sempre duvidar, pois é a dúvida que move o desenvolvimento científico. Por outro lado o conhecimento teológico parte da certeza, ou seja, todo o conhecimento parte de uma revelação que é verdade absoluta, ou seja, o que foi revelado pela divindade ou pelo profeta é uma verdade incontestável; cabe então ao religiosos harmonizar o conhecimento científico ao que foi foi revelado pela divindade ou profeta.
5- Não ! Porque o conhecimento científico contribui para o desenvolvimento de vários ramos do saber:
O LUGAR DOS GREGOS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
LUGAR DOS GREGOS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Resenha: Autor Professor Roberto Catarino
Jaeger expõe em seu artigo que, entre os seres vivos, somente o homem consegue conservar e propagar a sua forma de existência social e espiritual por meio das forças pelas quais a criou, por meio da vontade consciente e da razão.
Assim, nestas primeiras linhas, já se evidencia, na narrativa do autor, que existe um binômio que se estabelece em relação ao Homem: a natureza física e o espírito humano. Vale esclarecer que a natureza física pode até ser mudada através de uma educação consciente, enquanto o espírito humano, através do conhecimento, produz formas melhores de existência humana.
Para o autor, a Educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual, e, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valores que regem a vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pela transformação dos valores válidos para cada sociedade.
Ensina-nos o escritor, depois de algumas informações que compõem a narrativa, que por mais elevadas que julguemos as realizações artísticas, religiosas e políticas dos povos anteriores, a história daquilo que podemos, com plena consciência, chamar de cultura só começa com os Gregos.
Para o autor, não é possível descrever em poucas palavras a posição revolucionadora e solitária da Grécia na história da educação humana, por não se tratar de um conjunto de ideias abstratas, mas da própria história da Grécia na realidade concreta do seu destino vital. A ideia de educação representava para o sentido de todo o esforço humano. Era a justificação última da comunidade e individualidade humanas.
Contudo, mesmo que não tenhamos ganhado grande coisa em afirmar que os Gregos foram os criadores da ideia de cultura, num tempo cansado de cultura e em que se pode considerar como sobrecarga essa paternidade. Mas o que hoje denominamos cultura não passa de um produto deteriorado, derradeira metamorfose do conceito grego originário.
A importância dos gregos como educadores deriva de sua nova concepção do lugar do indivíduo na sociedade. E, com efeito, se contemplarmos o povo grego sobre o fundo histórico do antigo Oriente, a diferença é tão profunda que os gregos parecem fundir-se numa unidade com o mundo europeu dos tempos modernos. E isto chega ao ponto de podermos sem dificuldade interpretá-los na linha da liberdade do individualismo moderno. Efetivamente, não pode haver contraste mais agudo que o existente entre a consciência individual do homem de hoje e o estilo de vida do Oriente pré-helênico, tal como ele se manifesta na sombria majestade das Pirâmides, nos túmulos dos reis e na monumentalidade das construções orientais. Em contraste com a exaltação oriental dos homens-deuses, solitários, acima de toda a medida natural, em que se expressa uma concepção metafísica que nos é totalmente estranha, em contraste com a sua significação religiosa, o início da história grega surge como princípio de uma valoração nova do Homem, a qual não se afasta muito das ideias difundidas de autonomia espiritual que desde o Renascimento se reclamou para cada indivíduo. E teria sido possível a aspiração do indivíduo ao valor máximo que os tempos modernos lhe reconhecem, sem o sentimento grego da dignidade humana?
O estilo e a visão artística dos Gregos surgem, em primeiro lugar, como talento estético. Assentam num instinto e num simples ato de visão, não na deliberada transferência de uma ideia para o reino da criação artística. A idealização da arte só mais tarde aparece, no período clássico. É claro que não basta insistir nesta disposição natural e na inconsciência desta intuição para explicar a razão por que aparecem os mesmos fenômenos na literatura, cujas criações não dependem já da visão dos olhos, mas da interação do sentido da linguagem e das emoções da alma.
O povo grego é o povo filosófico por excelência. A “teoria” da filosofia grega está intimamente ligada à sua arte e à sua poesia. Não contém só o elemento racional em que se pensamos em primeiro lugar, mas também, como o indica a etimologia da palavra, um elemento intuitivo que apreende o objeto como um todo na sua ideia, isto é, como uma forma vista.
Para os gregos, ter consciência dos princípios naturais da vida do homem e de suas leis que comandam as forças do corpo e do espírito é de suma importância no que se refere à educação. Utilizando tal consciência a serviço da educação e da formação de verdadeiros homens. Para eles, a educação deve ser um processo de construção consciente. É a educação que forma o homem em um sentido integral, tendo o homem como o centro. A visão antropocêntrica que penetra a totalidade do espírito grego.
O grego descobre o Homem entendendo as leis gerais responsáveis pela essência humana. A percepção grega, segundo o autor, não é a do individualismo e sim a do humanismo. “A educação humana de acordo com a verdadeira forma humana”: a Paidéia grega original. Advindo da ideia, do homem como ideia. Essa educação é aspirada pelos educadores gregos, pelos poetas, artistas e filósofos. É o princípio da educação pela modelagem dos indivíduos pela norma da comunidade. O homem universal.
O ideal de Homem para a formação do indivíduo, então, está ligado a um espaço e aum tempo. É o ideal de um homem histórico e social.
Segundo o autor, não se pode considerar os gregos como ídolos intemporais. A sua forma e energia educadora refletida em nós são, na verdade, forças atuantes na vida histórica, assim como no tempo deles.
A história da literatura grega está intimamente ligada à comunidade social. A formação individual só existiu na época helenística, da qual deriva, em linha reta, a pedagogia moderna. E os verdadeiros representantes de tal Paidéia são, de acordo com o autor, os poetas, os músicos, os filósofos, os retóricos e os oradores, como homens de Estado que são.
A história da educação grega confunde-se com a da literatura, que é a expressão do processo de autoformação do homem grego.
O autor aponta que o processo educativo sempre foi vinculado ao estudo da Antiguidade. Mas o nascimento da moderna história da Antiguidade mudou a nossa atitude relacionada a esta, tentando conhecer o que e como realmente foi, considerando, assim, os clássicos apenas como parte da História e deixando de lado a sua influência direta sobre o mundo atual.
Contudo, para o autor, o influxo da cultura clássica permanece e somos levados a compreender o que ele chama de “o fenômeno imperecível da educação antiga”.
Bibliografia:
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do povo grego. São Paulo : Martins Fontes. 2001.