BLOG DO PROFº ROBERTO CATARINO

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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O MONASTICISMO BIZANTINO


O monasticismo bizantino - diferentemente do professado na Europa Ocidental - não possuía Regras ou Ordens pré-fixadas. Cada monastério tinha sua própria constituição, geralmente elaborada quando de sua fundação. Esta normalmente refletia as intenções do fundador, com freqüência um leigo ou leiga.
Os sexos não eram necessariamente segreados, nem se definia a autoridade do superior. No século V, São Basílio de Cesaréia sugeriu reformas, a fim de organizar e tornar mais efetiva a vida monástica. Segundo ele, os monges deveriam viver em comunidades onde os bens seriam comuns e todos obedeceriam à autoridade de um superior eleito. Todos deveriam orar, trabalhar e executar serviços de natureza social.
Daí em diante, foram fundados monastérios basilianos, ou cenobitas, em proporções cada vez maiores. Alguns deles localizavam-se em regiões longínquas, outros nas proximidades ou mesmo no interior das cidades, onde havia maiores oportunidades para a prestação de um serviço social efetivo. Justiniano I usou de sua autoridade imperial para legislar a respeito dos monastérios, dando-lhes alguma uniformidade legal. Todos os monastérios deveriam seguir o modelo basiliano. Os monges deveriam abrir mão de todos os seus bens antes de ingressar no monastério, onde teriam uma vida absolutamente comunitária. Qualquer pessoa poderia tornar-se monge, ou uma monja, em qualquer idade, a menos que se tratasse de um escravo foragido ou de um funcionário governamental que ainda não tivesse completado seu tempo de serviço. Pessoas casadas precisariam obter o consentimento do cônjuge. Em tais casos, era comum que ambos fizesse seus votos simultaneamente. Ele, ou ela, teria que passar todos os seus bens às mãos dos legítimos herdeiros antes de efetuar os votos definitivos. O noviciado tinha a duração de três anos, após os quais se faziam os votos finais de castidade, pobreza e obediência.

O abade, chamado de higumene - líder - aou archimandrite - chefe do rebanho - era eleito por voto de maioria entre os monges. Mas sua eleição tinha que se confirmada pelo bispo local. Quando da fundação de um novo monastério, o bispo inspecionava e abençoava o local escolhido e aprovava os títulos de propriedade. Após isso, os monastérios eram regidos por uma administração absolutamente autônoma, e o abade gozava de completa autoridade, desde que obedecesse às exigências dos títulos de propriedade. Estes eram dois: o brevion, que indicava as dotações e deveres litúrgicos requeridos pelo fundador, e o typicon, que especificava os direitos e as obrigações especiais dos monges. Por vezes, exigia-se que o monastério dirigisse um orfanato, escola ou hospital, ou que fornecesse um capelão à família do fundador. Apenas uma pequena parcela dos monges era composta de sacerdotes, mas se o abade não fosse sacerdote por ocasião de sua eleição, teria que ser ordenado. E era preciso que houvesse um número suficiente de sacerdotes no monastério para que os serviços religiosos fossem realizados regularmente. O abade era assistido administrativamente pelo ecônomo, que cuidava dos bens mundanos do mosteiro, pelo chartophylax, que funcionava como escrivão, e pelo bibliophylax, o bibliotecário - pois exigia-se que cada monastério contivesse uma biblioteca. Nos estabelecimentos femininos, a abadesa gozava do mesmo controle absoluto, com uma assistência semelhante. Mas neles o bispo fornecia capelães para ministrarem os serviços religiosos.

O bispo gozava de autoridade sobre os contactos exteriores do mosteiro. E ele poderia intervir em caso de algum escândalo grave dentro de suas paredes. Os bispos eram escolhidos dentre os monges. Até hoje.

Fonte:

RUNCIMAN, Steven. A Teocracia Bizantina. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978, pp. 95 e 96.

 

 

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