BLOG DO PROFº ROBERTO CATARINO
sexta-feira, 18 de junho de 2010
ELEIÇÕES 2010.
Dos primórdios de nossa história eleitoral até os dias atuais, o eleitorado brasileiro passou por mudanças profundas. Durante cinqüenta anos, entre 1880 e 1930, a massa de eleitores correspondeu a apenas 6% da população do país. Hoje, com mais de 115 milhões de pessoas aptas ao voto, o eleitorado equivale a 70% da população. É um crescimento monumental, que jamais foi acompanhado de uma radiografia nítida dos votantes, sobre quem é o eleitor brasileiro, o que faz e o que pensa. O trabalho permite descobrir quem, afinal, vai decidir a eleição presidencial de outubro próximo. O extrato mais numeroso, que responde por 80% dos votantes, é composto de brasileiros que se situam entre a classe média baixa e os pobres. Juntos, eles somam 93 milhões de pessoas, um contingente maior que a maioria das democracias do mundo. Na prática, são esses 93 milhões de eleitores de posses, educação e horizontes modestos que decidirão quem ocupará o Palácio do Planalto.
O eleitorado cada vez mais jovem e urbano: abstenção em queda
Esses eleitores compõem um conjunto heterogêneo, mas exibem características comuns. Eles têm renda mensal entre 200 e 1 000 reais. Pouquíssimos pagam imposto de renda, metade nunca lê jornais nem revistas e quase todos têm a televisão como principal, se não única, fonte de informação. "Eles é que decidem a eleição. Os outros grupos sociais são praticamente coadjuvantes", O novo perfil do eleitorado parece não ter sido absorvido pelos políticos. A formação de chapas que contemplam o propalado "equilíbrio regional", ainda é muito valorizada pelos partidos – mas a geografia humana do país mostra que se trata de uma preocupação desfocada, apenas um vício, talvez herdado do rodízio de paulistas e mineiros na República Velha, que atribuiu à política um valor regional que não faz mais sentido nos dias de hoje. As migrações internas, associadas ao intenso processo de urbanização do país, tornaram menos nítido esse tipo de divisão geográfica, e, em seu lugar, surgiu outro cenário mais relevante e ainda não captado pela antena dos marqueteiros: a divisão entre o Brasil das metrópoles e o Brasil das cidades pequenas. Existem 35 milhões de eleitores pobres na periferia das grandes cidades, mais do que há em todo o interior da Região Nordeste – mas ninguém apresenta propostas específicas para esse contingente, que, embora desorganizado, é uma potência numérica em termos de quantidade de votos
Além de diverso e desigual, o eleitorado brasileiro é notável pelo interesse que demonstra nas eleições. Nos dois últimos pleitos, cerca de oito em cada dez eleitores foram às urnas – uma taxa superior à média de outras democracias nas quais o voto, como no Brasil, também é obrigatório. Existe outro dado relevante. Desde o restabelecimento da democracia, em 1985, significa que quase 70% dos eleitores que votarão em outubro próximo já votaram para presidente da República e Governador. "O eleitor não é mais um neófito", o eleitorado brasileiro é interessado e está deixando cada vez mais de ser amador. Está aprendendo a votar a cada eleição que passa. Parece que conhece mais os políticos do que é conhecido por eles.
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